Estive por muito tempo presente no vazio do porta-retrato que nunca recebeu a nossa foto. Te enviei inúmeras mensagens molhadas digitalmente das minhas lagrimas salgadas, mas minha neurose enlouquecida de perversão impediu deletando a mensagem e você apenas recebeu: está mensagem foi apagada pelo remetente. Equalizei o que fomos em um re-play que me matava a cada dia depois daquele meteoro atingir e dilacerar em câmera lenta o tecido revestido de artérias, nervos e veias cheias de sangue vermelho do meu coração e abrir o chão debaixo dos meus pés que acreditavam tolamente estar firmes no solo.
Ao caminhar devastado de volta para casa, ouvia Renato Russo cantar em minha mente “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar na verdade não há”. Eu tive medo e desejava profundamente fugir da minha própria pele naquele dia sombrio. Sentia o mundo inteiro dentro do meu estômago. Ouvia as vozes atormentadas das profundezas do inferno em alto e bom tom. Um dia de muitos outros que me ensinaram o quanto eu negligenciava o garoto pueril que vive dentro de mim, o mesmo que te amava e ainda ama de forma indescritível.
Sempre penso em sumir com você de dentro de mim, mas sempre falho. Meu maior medo é de um dia conseguir sem perceber. As conversas que tive com você mentalmente dariam um texto de amor de embrulhar a alma de horror, angústia e beleza. Você sabe que o meu calcanhar de Aquiles é a minha escrita. Deixo minha alma pendurada em cada palavra que soltas formam frases, trechos, parágrafos e juntas compõe um texto incompleto que conta da minha falta, do meu vazio que é impossível de ser descrito ou medido.
Tentei ser raso para que pudesse voltar a me ver com aquele velho brilho no olhar. Mas a profundeza que existe em mim transbordou. As doses que tomamos da imagem que fomos embebedam nosso corpo e me faz ter recaídas que atropelam minha alma e me deixa todo perdido na mistura de nós. Calo o choro e a palavra desenha a linguagem do sintoma no corpo.
As poltronas e a escuta da minha analista ouviram os diversos codinomes que emprestei as repetições do meu discurso até que um dia eu chegasse no ponto de ser capaz de me ouvir melhor e virar essa página e recordar apenas um tempo bom que vivemos juntos. Esse tempo chegou e não mais sou aquele que beijou seus doces lábios.
Abraços,
Maicon Vijarva
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ResponderExcluirEssas palavras me descrevem. Tentando sobreviver. Só por hoje.
ResponderExcluirUm dia alguém apagou o meu sol, me fez ouvir as vozes do inferno e de fel me embebedou por muitos anos...
ResponderExcluirMas agora estou curada!