24.11.18

O APERTO DO OUTRO LADO DA PELE


Engraçado, eu vejo a falta por onde ando. Ontem à noite, sozinha na praia, olhei para lua cheia linda e lembrei dos anos novos na praia. Senti falta do que não terei mais. Mas tenho que focar nas presenças não nas faltas. A presença é justamente a falta, é necessário viver o presente da falta. As pessoas me faltam, e penso que nas ausências sinto mais amor por elas.

É engraçado uma história assim tão idealizada ser tão real, não? A gente vive de imaginação. Como diz Lacan “O imaginário preenche o vazio da falta”. Sei lá se ele disse isso mesmo. Por isso a vida beira à loucura, a vida não existe. A vida só passa a existir quando partilhamos ela com o outro. 

Estou atormentado pelo que ando sendo, esse outro lado da pele é uma imensidão de mim sem fim. É preciso reinventar o vocabulário para que se possa ouvir melhor a própria pele na sonoridade da voz. Tivesse um medo pequeno, um amor sereno. Ser feliz até os últimos fios de cabelos brancos. Se for para ser indeciso abre um riso que de dor já chega a do mundo. Eu amo essa música da Labaq, loucamente. Chega a causar angústia e empoeiramento de existência em minha própria vida singular.

Uau, adorei sua descrição sobre ela. Você me fez amá-la também por te amar. Sonhei com você essa noite, não lembro o que éramos o que fazíamos. Eu sinto que o tempo é como aqueles bichinhos da terra, vão me comendo por dentro e vou morrendo a passagem do tempo, embora me sinta cada dia mais vivo.

Que medo, aff! O meu espírito de madrugada vai na sua casa fazer amor. Espero que seja amor. Não tenha medo, não precisamos imaginar nada. Podemos viver essa loucura juntos. Quanta polêmica. Nadinha de polêmica nessa hora da noite. Estou lendo Valter Hugo Mãe, A desumanização.

Te enviei poesia no instagram, qual você é, adivinha. O último. “...sobre o qual já não sei tanto, mas que o amor entre nós permanece”. Você é o que empreende uma linda luta para se estabelecer na profissão. Sim! O amor sobre nós permanece. Talvez eu já não saiba mais tanto de ninguém.

Essa música da Larissa até me dói um pouco. Eu ouvia demais naquele dezembro de 2016. Um dos meses mais felizes da dança e início da nossa amizade. É linda. Aprendi a gostar com você. Talvez, só mesmo talvez saibamos algo da nossa própria ordem. O desconhecimento faz com que a presença do outro faça todo sentido. A minha ausência te aproximou de mim, a sua ausência me aproximou de ti. Sempre soubemos de nós, porque eu me via em ti e, talvez, você se via em mim. Assim existíamos.

Nossa ainda dói. Espero que seja de saudade. Sim, de falta e vazio. Só para ser lacanina. Sente minha falta? Sente saudade da gente? Muito! Ando tão sozinho com gente tão comum. Adoro como você é diferente [estranho], misteriosos e fora do óbvio. Idiota foi aquele que viu isso um defeito.

Eu queria que as pessoas me amassem pelo meu pior. Isso eterniza, a beleza e a juventude não. A inteligência fica caduca com o tempo. É difícil a gente amar o pior de nós mesmos, que dirá o pior do outro. Por isso mesmo. Quando temos amor sem barganha-lo, o a-colhimento é lindo. Queremos algo que nos falta, mas a falta que buscamos está no pior que negamos em nós mesmos. Em dezembro tanta coisa me ocorre, não sei se é presente ou um testemunho da minha castração.

Abraços,
Maicon Vijarva

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