A função materna é um dos papéis mais complexos que uma mulher pode assumir. Deixar cair o ideal nunca foi tarefa fácil para elas, ainda mais em nosso tempo. A problemática é que muitas mulheres defendem esse ideal que não somente elas, mas como seus filhos acabam por adoecer desse delírio coletivo instaurado. Amar, cuidar, zelar e tantas outros significantes são demandas que sufocam a mulher. Antes elas sofriam sem palavras, hoje elas podem fazer melhor com as questões com o ideal, desconstruindo-o com implicações sob suas experiências às voltas desse impossível no limite que a palavra oferece.
A mulher por ser não-toda pode ensinar aos homens o quanto é impossível de alcançar esse ideal que o homem vive a criar para dar sentido à vida. Sentido esse que não suporta tocar o real da realidade. Não há sentido na vida, o que há são possibilidades de significar os significantes que dela tocamos. Uma mãe aprende essa função na experiência com não-todo humano que toca seu ventre, toca seu coração, a sua vida.
O sujeito sofre por querer alcançar um ideal que jamais poderá, porque sua história de vida e a própria vida implica um avesso ao ideal estabelecido. Os joelhos, cotovelos, testa, nariz e o corpo todo ralado são acasos e surpresas da vida para ensinar sobre o real, sobre o que é verdadeiro diante desse impossível existir. Os acontecimentos não são um impedimento, mas um aviso que a vida exige mais de cada um de nós.
A mãe não sabe que sabe de tudo isso, mas toca esse saber quando deixa cair o impulso de impedir que o filho nasça para o mundo com os tombos da vida. Ela não é uma mãe ideal por assim ser, ela está aprendendo sobre o próprio narcisismo a tocar o próprio mundo e aprender de novo a tocar o mundo do outro de um outro lugar. Lugar esse que jamais terá uma fórmula, receita ou qualquer coisa do gênero, senão pela experiência de estar sendo enquanto toca esse impossível do real: viver a vida.
Um abraço,
Maicon Jesus Vijarva
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