É tarde, o ponteiro interior aponta para um
tempo avesso ao que se passa diante do olhos. Uma voz baixa, de tom pueril
exclama aos gritos que a direção do caminho está precipitada. Loucura! É uma
doideira só que atormenta e faz ecos. Às vezes parece que se está beira da
loucura.
Escute só! Eu falo sério. Ouço vozes chamando
meu nome. Um frio arrepiante na espinha-dorsal toma conta do corpo e emudece o
som de socorro. Os joelhos fraquejam, mas o desejo não cede, mesmo encharcado
de medo continua a percorrer o curso.
Amparado no desejo de continuar, insiste. Que
garoto, que chatice de insistência. Mesmo que o corpo não queira, o desejo coça
e chacoalha persistente. Burrice é tentar trapacear, as consequências são
terríveis e deixam marcas no corpo. É como queimar a língua com algo quente,
mas nunca mais irá passar.
O desejo deixa rastro, e ele soube ao ser
avisado pelos sinais da sua mediocridade e desleixo com a própria existência.
Custou algumas marcas, que são impossíveis de ver, ele as sente arder no significante
da linguagem simbólica do seu corpo.
Nesse momento percebeu que não haveria
palavras que suportasse a imensidão do que transbordava, inundava e dissolvia
em si mesmo. A palavra não dava conta, no entanto sabia que ainda era uma
possibilidade para dar lugares novos a própria história, mas sob um trabalho
árduo, vagaroso e insistente.
O som da voz da analista o avisava:
Ficamos por aqui?
Até a próxima sessão.
Gostei muito...
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