Retornar não é um caminho nada fácil, por desafiar e deslocar o próprio da singularidade à re[vi]ver estruturas que mexem com os afetos e traumas outrora narcotizados internamente. Desconstruir exige coragem, ousadia e generosidade. Ao demolir estruturas não estingue os efeitos do símbolo instaurado, convocando cada um a se haver com o furo, com o vazio que fica. O que resta dos nós de uma experiência catastrófica produz um saber, que não é qualquer.
Desatar nós é supor que se está rente ao corrimento da releitura da própria trajetória de um outro lugar, embora sempre haja uma confusão do lugar que se fala e do que se diz. Acompanhar os avanços do passado no tempo presente aspira na aposta do que se produziu ser dissolvido na foz, para fazer assinatura de sua reinvenção.
Os equívocos das recordações de acontecimentos [inconscientes] falham à compreensão, quando o imaginário e o real se cruzam ou colidem na tentativa de dizer e escutar o que angustia, emburrando o sujeito para os braços da brutalidade e da mais funda incompreensão do que o constitui.
Pelas palavras de Cyro Marcos Silva, é aí neste ponto que o sujeito desejante se torna desertor do Outro. Cabe-lhe então o teto de um deserto, sem um céu que o proteja. O desamparo é a cordilheira onde se situa a fonte e a nascente do desejo. Seu estuário é muito mais a incerteza de um mar do que o refúgio de um amar."
Maicon Jesus Vijarva
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