23.10.18

A VIDA QUE QUEREMOS É LOGO, LOGO ALI


É ilusão, uma mentira bem contada e vendida com aparência de verdade. A vida que se espera nunca vai acontecer, exatamente pela sua localização na posição de espera, de justificar o injustificável, de viver na sombra do que deu errado. A obviedade está escancarada, só não vê quem não quer: não existe uma receita explicativa de como deve ser feito, ou melhor, de como o sujeito deve se sentir quando algo dá errado.

O mistério surpreendente é pensar o que se pode, diante do impossível, inventar quando algo falha ou emperra o pé fazendo com que tropecemos em nós mesmos. Essa coisa de viver é um risco. Nada é muito certo. Quase sempre insistir é uma aposta que arde as bochechas, embrulha o estômago e numa esperança faz sorrir das atrocidades que cometemos com nós mesmos, por medo de realmente dar conta do planejado.

O percurso do outro é sempre visto com um olhar invejoso, de sorte, porque só se deseja enxergar a casca do resultado e não a essência do percurso catastrófico. O medo do futuro muitas vezes, quase sempre, paralisa o sujeito entre o que se foi e o que talvez nunca virá, justamente por estar impregnados dos fantasmas da palavra: “se”.

A ilusão é um prato requentado: não mata mas mantém a vontade [desejo] de vida enganada. A vida que se deseja é aqui, no movimento de invenção em ato de pensar o que convoca o sujeito a fazer com seu vazio, falta.

Abraço, 
Maicon Vijarva

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