Vivemos em tempos compulsivos, convulsionando uma
positividade e passividade frente à vida, que encurrala e inviabiliza enxergar as
irregularidades da visão do horizonte. Desde
seus primórdios o ser humano vive uma ilusão frenética em prever tudo que
ultrapassa o seu controle: o tempo, o amor, a morte etc. As previsões futurísticas
anunciam um perfeito fracasso nas tentativas de controlar o indomável, que
escorre entre os dedos do universo anatômico humano.
O amor, o tempo, a morte e tantos outros furos que
ultrapassam o humano, se mostram anos luz à frente à época. Planos
promissores autenticam fiascos resultados na realidade. E por incrível que
pareça, o despertador sempre está ajustado a acordar em um passo do paraíso.
Isso testemunha que, no instante em que se transmite à cargo
do acaso, as oportunidades de se frustrar são assombrosas. É preciso se entregar
aos planos ambiciosos, mas é fundamental colocar na conta o imprevisto, a
surpresa e a falha que implica recalcular todo o roteiro escrito detalhadamente
por cada sujeito.
Acreditar que o universo seguirá à risca o roteiro ideal de vida é uma ilusão com dimensões 3D, que assusta e decepciona em nível tridimensional.
Vale lembrar que na experiência psicanalítica, cada sujeito aprende [às voltas
de sua subjetividade] a compreender que o tempo da vida acontece em função da ausência
de previsão.
A experiência convoca o sujeito a se desenhar através da sua ignorância,
não do que aposta saber. Todo mundo sabe alguma coisa do objeto de desejo, mas
poucos tiveram a oportunidade de viver a experiência com e atravessado por ele.
As rotas determinadas que o sujeito insiste em seguir cegamente muitas vezes
estão largas ou curtas a sua realidade, levando sempre ao choque brutal de ruas
sem saída.
Logo, a tentativa desse ensaio informar que todo esse
dinamismo rasura o discurso da perfeição, da verdade inteira de um saber. Um dito é certo: a
cada um cabe, à sua maneira, reinventar e manter viva sua existência. A única garantia
é que o amor anuncia a passagem do tempo: a morte. O dia dura o tempo
necessário para que o amanhã floresça.
Abraços,
Maicon Vijarva
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