3.9.19

ACONTECIMENTOS


Às vezes a vida será vendaval de notícias que tiraram os pés das perdas. As mãos servirão como possibilidade de criação. Outras, conheceremos o pior em sua face mais canibal. A vida nunca disse que seria um mar de rosas. Muitas vezes é preciso de um outro que possa ter ouvidos aguçados para escutar o tom do som da voz ao ecoar [escoar] palavras de um dizer. Sujeito que possa acolher nossa dor sem desmerece-la até que tomamos autonomia na escuta do que escorre de dentro das palavras que tenta descrever o indizível de uma falta, um vazio.

Talvez, o que precisamos é de menos pessoas com boas intenções, e mais de pessoas que compreendam a imensidão do próprio vazio, da falta que é impossível de caber numa palavra. Às vezes é preciso cair em si mesmo, ralar-se todo e sentir a importância do peso da própria existência. Às vezes o que menos precisamos ouvir é que vai ficar tudo bem. O pior... mais ainda, diria Lacan. Não se trata de dizer que não há beleza na vida, pelo contrário. É reconhecendo a magnitude da morte que podemos dar vida a nós mesmos.

Às vezes o que precisamos é de um Caminhe, vamos aprender juntos a fazer melhor com os ACONTECIMENTOS da vida, porque ela não tem remédio que dê conta do que é impossível de nomear. Mais ainda, que possamos sempre estar advertidos que a vida nos exige muito, e que a conta sempre chega para todos!

Que possamos aprender a falar para criar palavras e inventar maneiras de dizer o que angústia, o que torna a vida insuportável por algumas temporadas. Que além disso tudo, possamos sempre reaprender a língua do amor, mesmo em tempo de escassez. Fale pela música, pela poesia, pela literatura, atravessado de um amor passado. É falando que aprendemos muito de nós mesmos, sem querer querendo.

Um abraço, 
Maicon J J Vijarva
imagem: Last days of summer - @iammoteh

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