Muitas vezes, quando se busca o lugar de analisante, o sujeito
dá espaço à divisão do não-lugar em sua vida. Assume o momento exato em que
estar à beira, na ponta do precipício. Olhar para si mesmo é, senão olhar para o
abismo, olhar para o interior; e o mais próximo possível mergulhar no
desconhecido que emerge.
A vida são folhas, telas e paisagens neutras esperando que cada
um de nós coloque algo de mais belo e ao mesmo tempo de mais caótico de si em cores de poesia, arte e invenção peculiar. A vida espera de cada sujeito a
ética de sua subjetividade no coletivo social.
Aposto tudo na ideia de que a psicanálise seja dessa ordem de promover do não-dito, do não-lugar, do não-sucesso um fazer-saber do verdadeiro
diálogo: no sentido de escutar a alteridade subjetividade da invenção do que
borbulha dentro de cada um de nós: sujeitos-humanos-desejantes.
Embora há quem viva bem sem análise, pagando caro pela
indecisão de jazer à beira do penhasco e, cá entre nós, esse não é o melhor lugar para se estar. Para alcançar
alguma-coisa na vida, faz-se necessário respirar fundo e dar alguns passos e pular em
direção à escuridão atemporal de nós mesmos: acessando o discurso ilógico do
inconsciente.
Somente nessa aposta de fazer-saber sobre o
desconhecido do inconsciente é que aprende-se melhor sobre o frescor de
existir. As metáforas são necessárias para que o sujeito possa criar um suposto
saber do que implica o não-lugar. Desconstruir o caminho já conhecido, para que seja possível abrir um
enorme espaço disforme que divide o que se foi do que ainda se fará necessário
criar para existir e seguir inventando.
Na experiência
da dura tarefa de exis[insistir]tir, voltar significará repetir obsessivamente
as dolorosas lembranças de nadar no pântano pegajoso da indecisão: pular ou
não na escuridão interior desse abismo. A experiência na vida é irônica, tem um
senso de humor bem estranho e convoca o sujeito à coragem em aprender melhor
sobre como existir no mundo.
A aposta é justamente essa ou passar o resto da vida com os pés acorrentados no alto de um penhasco, escutando os ruídos de lembranças de um passado catastrófico e sentindo o frio que chama ao fôlego da existência. O que nos prende no passado são as razões de um futuro incerto, frágil que sem medo muda o tempo todo. Nunca se saberá ao certo o que guarda o abismo tampouco o que reserva o futuro para quem vive. A experiência convoca cada um a se responsabilizar pelo que está disposto a perder em arriscar pela ética de se fazer existir.
Abraços,
Maicon Vijarva
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário e compartilhe com seus amigos.