6.4.12

Fases do desenvolvimento Libidinal II

             Desenvolvendo a terceira etapa denominada, por Freud (1980) de “fase fálica”, devido à primazia das sensações prazerosas estarem anatomicamente localizada em sua região do falus genital, esta fase é marcante no desenvolvimento do ser humano, pois é nela que a criança começa a descobrir de fato o seu órgão genital, percebendo as diferenças entre menino e menina. Ao descobrir seu genital, a criança observa que nos meninos há a presença do pênis e que nas meninas há a falta dele, isso serve como evidencia de que as meninas passam a não ter o pênis por que alguém lhes cortou ou que ainda irá de crescer. Na menina isso causa um complexo de inferioridade quanto ao seu papel no meio familiar, ou seja, quem tem é ativo (tem o poder), deve ficar claro que, neste momento, não nos referimos ao ato sexual, pois a criança não tem a percepção exata de funcionalidade do pênis e da vagina, para eles isso só se entende que quem tem pénis é ativo (tem o poder) e quem não tem no caso a menina é passiva (não tem o poder).
              Essa fase caracteriza-se, segundo Freud (1980), como uma fase de grande curiosidade sexual. As crianças adoram olhar as pessoas desnudas e, também, gostam de ser vistas, gostam de manipularem seus órgãos genitais, causando prazer e, consequentemente, tendem a repetir isso várias vezes.
              É nessa fase que se desenvolve uma preferência afetiva da criança com seu genitor do sexo oposto, podendo, muitas deles, dizerem ingenuamente “quero casar com meu pai” e “minha mãe é minha namorada”, com isso tenta excluir o outro genitor da relação familiar, mesmo sabendo que há um laço afetivo com o outro e, em alguns casos, sentindo culpa por querer expulsá-lo desta relação familiar. Este triângulo amoroso, Freud (1980) denominou de complexo de Édipo, baseando-se na peça Édipo Rei do grego Sófocles. Essa fase ilustra a relação amorosa entre pais e filhos. É interessante, que Freud (1980) chama atenção para formação do ideal do ego, ou Superego (uma identificação originalmente derivadas das figuras de autoridade parentais), sugere como substituto dos desejos edípicos.       
              Segundo, a já citada, expoente da Psicanálise, Klein (1975) propõe pensarmos as questões edípicas de uma forma mais precoce e sugere que fantasias como essas habitariam a mente da criança desde a mais tenra infância. Explica isso como o auxilio da divisão do objeto (objetos parciais).
               A possibilidade de resolução desse conflito edípico de uma forma harmoniosa e, suficientemente, tranquila, no final do período fálico, desperta poderosos recursos internos para a regulação dos impulsos e suas orientações para fins construtivos de desenvolvimento.
              Ao adotarmos a abordagem de Freud (1940), teremos a seguinte linha de pensamento:
Com a fase fálica, e ao longo dela, a sexualidade da tenra infância atinge seu apogeu e aproxima-se da resolução. A partir daí, meninos e meninas têm a histórias diferentes, Ambos começaram a colocar suas atividades intelectuais a serviços de pesquisas sexuais; ambos partem da premissa da presença universal do pênis. Mas agora os caminhos dos sexos divergem.

              O complexo de Édipo pode revelar uma impaciência como um fenômeno central do período sexual da primeira fase da infância. Após isso, efetua-se sua dissolução: ele sucumbe à regressão e é seguindo pelo período de latência.
              Com esse desenvolver passa-se para fase que Freud (1980) denomina de Fase da Latência. É nesta fase que através dos estudos psicanalíticos diversos descobrimos que as sementes dos impulsos sexuais já estão presentes no recém-nascido e continuam a desenvolver-se durante algum tempo. Esta fase estende-se dos seis (6) anos até a fase da puberdade, que se inicia por volta dos nove (9) anos. Isso, entretanto, ocorre devido às experiências obtidas pela criança.
              Essa fase pode se desenvolver um pouco mais tarde dependendo das experiências vivências pela criança. Neste período a criança demonstra uma aparente diminuição do interesse sexual, o que poderia ser um resultado dos fortes impulsos genitais (instinto), que são conflitados pelas normas e regras sociais (realidade), ou seja, com a repressão das ideias incestuosas componentes do complexo de Édipo e a posterior maturação das funções do ego. A criança é inundada por sentimentos como o asco, vergonha, as exigências dos ideais estéticos e morais, são fatores que contribuem com o afastamento tanto do mundo externo quanto do aspecto sexual.       
              Ao desenvolver-se nesta fase, a criança cria forças psíquicas que impelem a função autossuficiente de bloqueio do curso do instinto sexual. Com essas forças poderão, então, buscar recursos para assistir a demanda que tem um fluxo contínuo. A energia libidinal é permanentemente gerada, não pode ser simplesmente eliminada, tampouco suporta eficientemente a repressão. Uma boa parte dela é canalizada para outras finalidades. Assim ela é direcionada ao que Freud (1980) denominou sublimação: orientada ao desenvolvimento intelectual e social da criança. Com isso a criança adquire habilidades para lidar com o mundo que a cerca, sendo que a hereditariedade e a educação são grandes colaboradores neste processo de repressão de impulsos. Com o fim dessa fase de latência, aflora-se, novamente, a fase sexual na puberdade.
              Entramos a fase que Freud (1980) denominou de fase Genital, essa fase desenvolve-se na adolescência, aproximadamente entre seus onze (11) e treze (13) anos até que venha a atingir a fase adulta. Essa fase constitui para Psicanálise, o alcance do pleno desenvolvimento adulto normal. A criança passa por esta fase de luto, ou seja, aprende a deixar de ser criança e começa a construir sua maturidade, pouco a pouco aprende a competir e descriminar seu papel social e desenvolve-se intelectual e socialmente. Compreende a capacidade de ser capaz de realizar e de amar em um sentido mais amplo.
              Nesta fase a libido tende a centralizar-se na região genital e, assim, também, ocorre uma intensificação dos impulsos, podendo, aos poucos, provocar uma regressão na organização da personalidade. Reaparecem conflitos de estágios anteriores e oportunidades de resolver esses conflitos no contexto de alcançar maturidade sexual e identidade adulta.

              É possível observar que, esta fase é voltada para a função reprodutora, portanto, esse desenvolvimento é norteado pela separação, parte final da dependência e do vinculo parental, e pelo estabelecimento de relações de objeto heterossexuais, não incestuosas e amadurecidas. Consolida-se, também, a identidade individual que resultará na integração adaptativa dentro das expectativas sociais e dos valores culturais.
              Desvios patológicos, devido ao fracasso em resolver exitosamente esse estágio do desenvolvimento, são múltiplos e complexos. As maiorias das falhas podem proceder de todo o espectro dos resíduos psicossexuais, já que a tarefa evolutiva do período adolescente faz-se em um sentido de reabertura, ao reviver e reintegrar todos esses aspectos do desenvolvimento. As resoluções anteriores que não puderam ser bem sucedidas e as fixações nas várias fases ou aspectos do desenvolvimento psicossexual produzem imperfeições patológicas na personalidade adulta, sugerindo a criação de estruturas comprometidas. Freud (1980) ao descrever essa fase e os processos obtidos até aqui ele cita:
 “Este processo nem sempre é realizado de modo perfeito. As inibições em seu desenvolvimento manifestam-se da vida sexual. Quando é assim, encontramos fixações da libido a condições de fases anteriores, cujo impulso, que é independente do objetivo sexual normal, é descrito como perversão”.  (FREUD, 1980)

              Em todo o processo da vida sexual, nunca deixaremos de vivenciar estas experiências intrínsecas de nossa primeira infância até a velhice. Isso é talvez a maior expressão de estar vivo. O surgimento da perversão, expressa para Freud:
 “As perversões são ou (a) transgressões anatômicas quanto às regiões do corpo destinadas a união sexual, ou (b) demoras nas relações intermediarias com o objeto sexual, que normalmente seriam atravessadas com rapidez a caminho do alvo sexual final”. (FREUD, 1980).

              Com isso Freud lembra o leitor à definição da perversão na Psicanálise:
Quando as circunstâncias são favoráveis, também as pessoas normais podem substituir durante um bom tempo o alvo sexual normal por uma dessas perversões, ou arranjar-lhe um lugar ao lado dele. Em nenhuma pessoa sadia falta algum acréscimo ao alvo sexual normal que se possa chamar de perverso, e essa universalidade basta, por si só, para mostrar quão imprópria é a utilização reprobatória da palavra perversão. (FREUD, 1980).

              No presente contexto, encontra-se a esfinge e os riscos no uso do termo para delinear certos diagnósticos que definem a perversão como um processo patológico. Freud (1980) postula que um critério mais seguro estaria na observação mais atenta do processo, através da qual se percebesse não a perversão ao lado do objeto como um facilitador do encontro (sexual) com o mesmo, mas, sim, quando surge como substituto deste, em prol do objetivo perverso. Fatores como a exclusividade e a fixação estariam presentes dentre suas características.
              Buscando o vértice psíquico, encontramos o equivalente a idealização do instinto, isto é, o trabalho de elaboração dos impulsos libidinais (o pensar) fora substituído pela atuação (act-out) da fantasia que remete a fases anteriores e se mostra como manifestações primitivas.
              Sentimentos como os de repugnância e vergonha partem da componente estrutural do aparelho psíquico, denominada por Freud (1980) de superego em conflito com os impulsos instintivos oriundos da parte mais primitiva chamada id. Na perversão o id triunfa neutralizando o efeito do supereu. A neurose é entendida então, como o negativo da perversão. Uma repressão mal sucedida da pulsão.  
              Ao olharmo-nos no espelho, somos apenas um percussor do rosto de nossa mãe, ou seja, somos o pensamento dela, e tudo o que contestarmos de maneira psíquica esses fatores contestados são a não aceitação (inconsciente) de sermos iguais aos nossos pais, analisamos que para um desenvolvimento propriamente dito saudável, faz se necessário que o bebê tenha um ambiente seguro para que venha a desenvolver seu aparelho psíquico com tranquilidade, sem tantas frustrações.

O pai é o ambiente da mãe, enquanto a mãe é o ambiente seguro do bebe. 

              Propúnhamos que se o bebê não se desenvolver em um ambiente, conforme descrito, provavelmente terá dificuldades em suas experiências nas demais fases da vida, podendo, então, contrair ao longo do desenvolvimento de sua vida, uma possível neurose. Em uma visão subjetiva, ao passarmos pela análise poderemos melhor analisar-nos e sempre, em cada nova análise, resgatar a capacidade de amar e de ser amado.

 Maicon José de Jesus Vijarva

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