6.2.20

FEVEREIRO


Entra aqui, toma um cafezinho comigo, deixe um pouco de você em mim. Nas ruas ensolaradas de nossa cidade abafada e vezes dura, vezes molenga de afeto, encontrei-te por acaso, numa distração.Não sei se alcança o mangueiral do amor, talvez chegue o mais próximo do carnavalesco que me impulsiona ao movimento.
Agora, escute por um minuto, leia-me do avesso. Mudando de pato para cisne... Quando é que teus olhos vão se esbarrar nos meus, e nossos narizes cruzarem a fronteira se tocando, atrapalhando a aproximação dos seus lábios nos meus até que a oportunidade seja possível de nos sentir um ao outro na mistura de nossos gostos?
Vamos, vamos, não se apresse, mas deixe o caminho aberto para que meu silêncio possa invadir todo seu ser e te fazer boa companhia. Segure um pouco minha mão. Vem cá, sinta o pavor e a alegria que você escreve dentro de mim, depois do seu jeito fazer sinais de fôlego em minha carne.
Ando espantado com os lugares em que a distração pode nos levar. Para algumas pessoas é a possibilidade de tudo dar errado e acabar dando certo, para outras a oportunidade de acabar com o que poderia nascer de uma falha, de um rompante de desiquilíbrio de certezas.
Atrapalhado que sou, acabei equilibrando minha vida nos seus ombros, a medida certa para sentir seus cheiros, sua respiração, e saber que você sabia um pouco de mim e isso, talvez fez com que eu deixasse meu corpo cair na imensidade sua que até você desconhece.
O fim de tarde é tão lindo,
deixe-me roubar-te um pouco do seu mundo,
vem conhecer um pouquinho do meu?
Ligue o spotify, deixe a playlist que você criou de nós tocar o tempo necessário para que o amor nos transforme em alguma coisa que é impossível de imaginar. Não temos nada a perder, quando deixamos a vida nascer através do risco de se jogar no ar sem paraquedas.
Você vem?
AFINAL É FEVEREIRO.

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