Essa é uma pergunta importante, que se impõe no início de uma entrevista de demanda de análise. Ao levarmos ao pé da letra essa questão, novas perguntas nascem. E fica muito claro que “querer ajudar” no processo de análise é totalmente nocivo para quem procura uma análise. O analista deve estabelecer princípios básicos: o ambiente com suas características, quais critérios utilizar para aceitar ou não uma demanda de análise. Tais princípios vão orientar sua prática, oferecendo segurança para que possa desenvolver seu trabalho clínico.
Quando o analista não está em dia com o tripé psicanalítico: análise pessoal, grupo de estudos e supervisão, cederá a demanda do analisante de “querer ser ajudado”, que ao invés de contribuir com uma mudança catastrófica eficiente, irá causar ainda mais estragos na vida de quem deseja desesperadamente salvar-se de si mesmo.
E nos casos de crianças? Os pais é que são o pano de fundo responsável. Pais que não querem largar o osso dos hábitos arcaicos para lidar com a mudança que uma análise exige, de imediato podarão qualquer efeito analítico que possa ocorrer na criança. Por isso é importante que o analista que inclua na sua clínica a psicanálise com crianças, esteja avisado que numa análise com criança os pais tem seu lugar significativo e sem eles orientados, podem amarrar ou podar uma análise por inveja em desejar estar no lugar das crianças e sentir seus efeitos.
O analista deve sempre se calar e esperar quando o sujeito ainda não está disposto a largar do osso de seus hábitos cômodos, para se responsabilizar por sua análise: estar disposto ao trabalho analítico de ser acolhido pelo ambiente e, assim, maduro para a escuta de si mesmo e da palavra do analista.
Sem levar em conta esses questionamentos, um analista apenas irá promover uma mudança catastrófica doentia por desejar posicionar o analisante sob a conduta de sua ética que não terá nenhum efeito a não ser se contaminar com a insatisfação apresentada pelo analisante para toda sua clínica, desmerecendo todo seu trabalho desenvolvido durante sua vida.
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