13.3.18

O TRABALHO DO PERCURSO EM ANÁLISE


 

Em análise, o desejo está em frenética conexão com o que não funciona, paralisa e insiste em comparecer no real pelo avesso. Em sua espiral sonoro da experiência, a psicanálise revela tudo que a sociedade incuba na exposição do humano que valoriza como ideal: puro, divino e perfeito.

O caminho da psicanálise implica o sujeito a responsabilização por seu estilo no mundo, atravessado pelo não-todo-saber que se inaugura no sintoma. Não à toa que a psicanálise não é para todos, por implicar o sujeito a arriscar tudo em sua subjetividade, alterando rotas e pensando com ética as prioridades da sua vida.

Para construir o percurso na análise é necessário abrir mão do lugar de ser desejado, da bengala da demanda do outro. Recusar a posição narcísica para assumir o seu inverso, que convoca o eu ao comprometimento, ousadia e coragem à responsabilização por sua existência no mundo. Esse movimento leva o sujeito a produzir conteúdo em análise, para criar um saber sobre o que estrutura o seu sintoma.

Além disso, todo esse avesso que se apresenta instaura um novo sujeito com autonomia ao que lhe causa, inspira e fracassa. O trabalho em análise conduz à incompletude do horizonte, na ousadia e coragem em apostar todas as fichas em si mesmo, sem recursar em pagar o preço necessário para sustentar suas escolhas e decisões em constante maturação frente às novas possibilidades em que o seu desejo aponta.

Aprender a transformar as oscilações do sintoma que emperra o analisante a caminhar em seu percurso, exige questionamentos sobre o lado obscuro que também interfere nas escolhas e decisões do analisante. A vida em análise é estar diante da vírgula que o impossível implica, que não cessa de se escrever. 

O discurso emitido pelo sintoma do sujeito, evoca algo da ordem do mistério que o implica a ultrapassar os semblantes que moldam o lugar que insiste a convocá-lo ao gozo da repetição. Mas não é só isso, há muito mais a que se aprender com o que a psicanálise se propõe em sua transmissão no quotidiano, que se enlaça e entrelaça nos vínculos do sujeito do inconsciente.

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