A terapia não evolui sem o paciente, bem como o paciente não evolui sem o terapeuta. É uma troca, ambos crescem... ambos precisam existir.
Em muitos dos casos, procuramos
motivos, às vezes, os mais simples para não fazer terapia. O mais celebre dos
motivos, ocupando o topo é o medo de se desmoronar numa cadeira, numa sala,
numa pessoa na qual jamais se quer se viu.
É assustador dizer a si mesmo quem
somos, ou quem nos tornamos. Lidar com
nossas qualidades é muito fácil, mas quando às qualidades não amenizam a dor
que os defeitos nos trazem, o que fazer? Como agir?
O medo é muito frequente em
terapia, ele é por muitas vezes o motivador da fala. Quando sentimentos medo, o
sentimento acaba falando por nós. Quando sentir torna-se exaustivo, a fala torna-se
a saída mais sensata. Falar, falar e falar. No desespero de ser ouvido,
acolhido. Nada mais importa além do prazer de ser ouvido. Um estágio do sentimento
egoísta que, de certa forma, ajuda na cura pela fala. Associação livre.
É nos trejeitos, nos
arranjos da fala e nos demais aspectos que o paciente cria e manipula em terapia. Em forma de arte, quase que lúdica, o terapeuta busca analisar e juntar todas as peças, que o paciente jogou no ambiente terapêutico, numa tentativa de compreender
quais sentimentos verdadeiros, ocultos e necessitados de atenção, escondem-se na fala, as dores mais emergentes, porém engavetadas no inconsciente.
Não é raro o borbotar das
angústias em quatro paredes, sentado em uma cadeira ou amolecido em um
divã. É o momento em que o paciente
desenvolve insight sobre suas atitudes,
sobre como poderia agir, para que suas ações possam fluir melhor e favoráveis a si mesmo.
Quando o paciente “sente” no
ambiente terapêutico a tranquilidade
para explorar-se, abrir o baú de si mesmo, e de pouco em pouco retirar objetos,
sentimentos e tudo o mais que o impede de olhar a si mesmo, será o momento
primordial para identificações, projeções, transferência e a atitude não adequado, no entanto
inevitável, a contratransferência.
A terapia é o lugar que o
paciente deve se sentir ousado, corajoso, para enxergar que ele pode reconhecer sua sombra
sem medo. O terapeuta será o instrumento, a figura de segurança, o ambiente para que o paciente possa ser, sentir, odiar-se e amar-se com
sinceridade e sem culpa. Quando todo esse borbulho de sentimentos ocorrerem num set-terapêutico, certamente haverá uma autonomia do paciente nas próximas sessões, nos próximos ensaios de enfrentamento de si mesmo.
Muito boa reflexão sobre o que é a terapia!
ResponderExcluirSe mais pessoas perdessem o medo de se conhecer melhor...
Diante do medo de sofrer nós evitamos encararmos nossas feridas, e com isso nos impedimos de crescer. Adorei a reflexão. Fiquei até inspirada, fez com que eu lembrasse de algo que estou estudando no momento. Legal.
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