Perder o passo acelerado, espreguiçar os tecidos rígidos na análise é coragem para aprender a caminhar, coragem que amarrota o pano firme do corpo, que abrem portas para que os furos sempre existentes, antes tamponados, assumam sua forma original fazendo ato: criação.
O processo de transferência em análise desfarela as certezas, convoca o sujeito a borrar, a desconfigurar para fazer coisa outra com o que fica, resta e assume formas novas. A psicanálise é a peste que convoca a sexualidade, a política e, mais ainda, a palavra ao discurso. Mas palavra é pecado, quando liberta dos semblantes do pai comum ao pai divino.
Se a psicanálise convoca a palavra, convoca também as figuras demoníacas do inconsciente do sujeito: o desconhecido familiar. Na tentativa de se justificar em análise, o inconsciente brinca, faz atos falhos e repetições com palavras e enredos quase que despercebidamente.
A análise é mais que falar de si mesmo, é falar de um outro que nos faz sentir a nós mesmos. Quase sempre sendo esse outro a sombra das dores e sofrimento que não cessa de criar palavras, quando não mais existe sinônimos.
É na análise que se aprende as praticidades da vida, a organizar os espaços, a fazer novos laços e reparar antigos. Fazer análise é aprender a criar palavras, coisas e a vida, é também se reconhecer em tudo isso inconsciente.
Porque análise é vida
Vida é amor
Amor é humano
Humano é falha
Falha é vida.
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