A falta de empatia frente à singularidade do outro, nos torna sujeitos doentes em uma sociedade psicótica. Há quem acredita que é preciso encorajar os que estão vivendo a sua maneira e medida [tempo] a viver algo outro, que seja menos doloroso para nossos olhos, pela incapacidade de reconhecer o estranho [dentro], que também está no outro, mas, que no caso está a olho nu.
O humano vive insistentemente [de forma neurótica], querendo encontrar uma palavra para nomear o que é inominável e, por assim ser, causa: medo, angústia e desejo. A doença dos tempos presentes está na dificuldade em lidar com a frustração e a beleza da singularidade do não-todo, que é impossível de esquadrinhar ou enquadrar.
Faz-se necessário deixar que o outro possa ser em sua totalidade [até as últimas consequências], para que ele por si mesmo possa construir um saber-não-todo do próprio percurso. Quer-se muito do outro, que ele seja sempre algo que não se é. No caso do suicídio e depressão nível hard, todos querem que o sujeito seja positivo, que seja forte, que seja qualquer outra coisa, menos que seja ele mesmo em sua difícil amargura de criar um saber diante disso.
A questão é simples, ao invés de dar caminhos, ofereça ambiente e suporte a demanda que pode se inscrever a partir disso. Poucos se manterão presentes, melhor que seja assim. Muita gente tentando fazer o mesmo cria abismo. A sociedade é um bom exemplo, senão excelente.
Sejamos o mais próximo do real ao tocar na dor do outro. Que se possa oferecer ambiente para que esse outro que sofre possa falar sem medo de retaliações. E, quase sempre, isso só é possível num trabalho de análise, que é osso duro de roer.
Que possa existir mais apoio aos que sofrem, oferecendo sempre autonomia. Estar triste, insatisfeito e infeliz em certos momentos da vida não torna ninguém menor que qualquer outro. A proposta é criar um saber diante disso e poder fazer melhor com o que causa dor, angústia e sofrimento. A vida é isso, salvos os momentos que criamos felizes para sustentar toda uma vida de altos e baixos.
O amor está em oferecer a mão, deixando que o outro possa por si mesmo acessar o seu interior e aos poucos reconhecer sua trajetória com bons olhos.
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