7.7.15

A PSICANÁLISE E A FASE URETRAL



A fase uretral é um dos estágios importantes dentro do contexto psicanalítico. É uma fase considerada em seu primeiro estágio, como sendo ainda uma característica sádica, que gera o sentimento de provocar algo no outro. A criança usa deste mecanismo, para criar um meio para poder se comunicar – aprende que soltar ou prender o xixi, é uma forma de provocar alguma reação no outro – mesmo que seja uma habilidade primitiva, é com ela que a criança começa a se comunicar.

Os pais precisam estar atentos à comunicação não verbal, uma vez que, é a fase em que a área erógena que se encontra nas genitais, sendo deslocada de maneira bem primitiva para outras partes do corpo. A uretra assume a parte genital, no entanto, não bem estabelecida pela criança. Faz-se necessário lembrar que, na fase Anal, quase todos os contatos com a mãe são proibidos, devido ao desmame, onde a criança procura outros modelos narcisistas para satisfazer sua libido.

Sendo uma fase delicada do desenvolvimento, é prolixo que a criança se preocupe com o outro na busca do prazer, para que não desenvolva uma perversão. Mesmo que para menina, a descoberta da genital feminina seja fantástica, também e misteriosa, quando se descobre a genital masculina. É o momento em que ela volta toda sua atenção para o genital masculino. A criança entra em conflito, por ser diferente daqueles que tem àquilo que é protuberante, o Fálico e os que não têm – os castrados.

A imaginação começa a dar vazão ao bom e ruim, a classificação de o ser dominador e o ser dominado. Aquele que tem é bom, e o que não tem, não é bom. Não é simples explicar para uma criança que a menina tem, mas que o dela é diferente. Em contrapartida, o menino entra em um medo intenso de perder seu objeto supremo, a castração do objetivo fálico. O menino pensa: “Ou o dela vai crescer ainda, ou cortaram!”.

Então é que entramos em uma questão importantíssima. Por que a criança quer ter o genital masculino? Simplesmente por deduzir que, o que tem o objeto fálico é mais amado do que não tem. Mas também não quer ter, porque conclui que o que tinha foi castrado e não quer sofrer a dor de ser também castrado.

Quando a Psicologia pensa sobre essas reflexões, tem como objetivo cogitar que a mãe precisa ser um ambiente suficientemente bom, um amor incondicional, para que a criança possa elaborar de forma adequada essa situação nova e conflituosa. Além dessa situação, a criança também irá passar pelo sentimento de culpa pela masturbação – momento de satisfação narcisista da libido –, dependendo da forma como isso foi apresentado pelos pais, certo ou errado.

Segundo Sigmund Freud, o Complexo de Édipo constata-se quando a criança atinge o período sexual fálico logo na segunda infância e dá-se então conta da diferença de sexos, tendendo a atar-se a sua atenção libidinosa nas pessoas do sexo oposto no ambiente familiar. O conceito foi também descrito por Carl Gustav Jung e recebeu a designação de complexo, que desenvolveu semelhantemente o conceito de complexo de Eletra. Não irei discorrer sobre tais complexos, visto que, penso em abordar tal tema com mais atenção em outro momento. Sendo a situação em que a criança vê os pais tendo relações amorosas, não é capaz ainda de diferenciar a relação de amor e violência, para ela é um campo misterioso.

A fase da latência é o momento em que a criança vê tantas coisas relacionadas ao sexo, que desiste em pensar nisso, direcionando suas forças para outras coisas. O mundo perde o encantamento. É o momento em que a criança pensa: ”Não quero mais ser agradável para o outro, dá muito trabalho. Não estou nem aí para ele, eu me basto”.

A criança entra em um estado de “Sublimação” – grande contribuição de Jacques Lacan, para Psicanálise, em que BRABANT, Georges Philippe. Chaves da psicanálise. Págs. 54 e 55 discorre bem:

A sublimação é um processo de desvio da energia libidinal de suas metas originais para a investida em realizações culturais, ou em realizações individuais úteis ao grupo social. A sublimação é o meio em que a criança encontra para de reconciliar as exigências sexuais com as da cultura, por conseguinte, reconciliá-las com a sociedade, ou reconciliar a sociedade com elas. E apesar de a maioria dos indivíduos não possuírem igual aptidão para a sublimação, pois, é uma solução restrita a poucos, tal destino pulsional propicia uma solução menos infeliz para o conflito cultural da sexualidade.
Em suma, aquilo que era podre, agora se torna nobre. A criança transforma àquilo que era mais primitivo dentro dela em um bem comum. A atenção não é mais para o pai e para a mãe, mas para o meio em que vive.


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