O repúdio do adulto à sexualidade da criança se expressa na ilusão de ignorá-la, regido pelo seu grande interesse em proibir suas manifestações. Deste modo, o adulto responde com mentiras às perguntas da criança e a induz a mentir, certamente criando sérios conflitos ulteriores.
Nestes casos, é de extrema importância que os pais tenham uma maior atenção com os processos do desenvolvimento do seu filho, estando preparados para ajudar a esclarecer as perguntas feitas por eles, sem mentir ou omitir informações sobre seu questionamento.
Na fase adulta é esperado viver não apenas momentos de momentos, mas sim verdadeiramente conscientes da nossa existência, uma das nossas necessidades e difícil realização é de encontrar um significado em nossas vidas.
Na vida adulta, muitos perdem o desejo de viver, perdem os sentidos, e param de tentar, porque tal significado lhes escapou. Neste contexto, o melhor é que o paciente passe por sessões de análise, sobrevindo por um processo árduo de elaborar seus conflitos da infância na fase adulta. Consiste em uma compreensão do significado da própria vida, equivale a percorrer à pontos mais obscuros dos próprios sentimentos, para que possa adquirir uma maturidade para se conscientizar e reconhecer a causa dos seus conflitos, sintomas.
Na fase adulta será possível que ocorra a abrangência madura do significado da existência, em sua experiência com si mesmo e com o mundo. É perceptível notarmos que muitos dos pais desejam que as mentes dos filhos funcionem como as suas – como se uma compreensão madura de nós mesmos e do mundo das ideias sobre o significado da vida não tivessem que se desenvolver tão vagarosamente quanto nosso corpo e mente.
Na análise, o psicoterapeuta precisará dispor de um ambiente verdadeiro e seguro para o paciente, visto que toda análise é basicamente uma tentativa de oferecer segurança para que o paciente possa por si mesmo libertar os impulsos reprimidos.
Na composição desses sentimentos reprimidos pode se descobrir escoamentos insuficientes, sendo que o ego é cobrado intensamente, uma vez que é preciso escolher entre o que ele é – Ego - e o que ele deveria ser - ideal de ego. Neste momento o sujeito vive árdua batalha entre o ego e o superego, entretanto, o paciente terá que reconhecer mecanismos íntimos para equilibrar sua vida psíquica.
Devemos lembrar que, os processos de cura do paciente só são possíveis se, por si mesmo, o paciente desenvolver recursos íntimos de modo que sua emoção, imaginação e intelecto trabalhem em conjunto e enriqueça mutualmente o sujeito na compreensão de sua própria existência. Segundo Bruno Bettelheim (1975-1976) - A psicanálise dos contos de fadas.
"Nossos sentimentos positivos nos dão forças para desenvolver nossa racionalidade; só a esperança no futuro pode sustentar-nos nas adversidades com que inevitavelmente nos deparamos."
Muito provável que esses sentimentos se estendam, ocasionando conflitos no aparelho psíquico do sujeito. Sigmund Freud (1856-1939) pai da psicanálise:
“A Psicanálise é, em essência, uma cura pelo amor”. Partindo deste referencial, o essencial para o analista é nutrir o vínculo estabelecido entre ele e o paciente, fazendo do set-terapêutico um ambiente seguro, em partes, para que o paciente venha sentir-se à vontade para expressar uma síntese dos conflitos internos e externos vivenciados por ele.
Outra contribuição é o escritor Antoine de Saint-Exupéry (1943):
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
No decorrer das sessões o vínculo vai sendo construído e começa a estruturar à confiança do paciente para com o analista, sendo que este um processo árduo para ambos. O papel da psicanálise é, em sua essência, conduzir o paciente ao caminho do amor. O que traz à recordação a reflexão de uma grande amiga, Yasmini de Almeida Perissotti, que cita:
É preciso ser capaz de amar para conduzir o outro ao caminho do amor, em seu texto O ideal analista.
No entanto, para conduzir o paciente à compreensão e reconhecimento dos seus sintomas – conflitos, e não somente ser um espectador contemplando o espetáculo. Entretanto, é de ampla importância oferecer um vínculo real e verdadeiro para o paciente, para que seja possível estabelecer um ambiente seguro para que a análise ocorra de forma satisfatória.
O que nos leva a reflexão que para compreender o outro, antes de qualquer teoria, o analista necessita estar com sua análise pessoal em dia, para que possa confiar em si mesmo e proporcionar um ambiente de segurança para o seu paciente, podendo debruçar seus conflitos do dia ou semana, em cada sessão. Em algumas circunstâncias o paciente pode fazer comparações dos conflitos atuais com os vivenciados na tenra infância.
Para que a análise seja satisfatória – real, o analista deverá estar para atenção flutuante, analisando todo o processo que o paciente se utiliza para narrar os fatos de sua vida. É por isso a importância do analista permanecer atento a cada pausa e mudança de humor da narrativa do seu paciente. Enquanto o paciente fala livremente, seguro da ausência de crítica, as ideias associativas o aproxima das recordações traumáticas da infância.
O que pode oferecer algumas contribuições para a investigação da causa dos sintomas do paciente. A partir do ambiente suficientemente bom e seguro, o paciente sentira a seriedade, que possibilitará descobrir, reconhecer e valorizar o vínculo oferecido, que será a base para reflexão das manifestações dos seus conflitos internos, reprimidos.
As contribuições que o vínculo proporciona ao sujeito reviver com o terapeuta suas primeiras experiências objetais. Freud (1896) é imprescindível interpretar estas reações transferenciais, positivas e negativas, como repetições daquelas situações pretéritas.
O valor da análise intuitiva, acontece quando o analista comunica o paciente sobre seus descobrimentos, em momento oportuno oferecido pelo próprio tempo lógico da análise, possibilitando que o próprio paciente reconheça estes descobrimentos e os torne conscientes.
Por isso que o único presente que o paciente pode oferecer ao analista é trabalhar em prol a sua própria análise, oferecendo a si mesmo o gozo de elaboração dos seus sintomas, transformando em causa, que dará movimento a sua existência. O papel da psicanálise é, em sua essência, conduzir o paciente ao caminho do amor. Quando se é conduzido ao amor, o conhecer-se a si mesmo é consequência.