5.11.12

Uma curiosidade sobre a Psicanálise


A mente humana é fabulosa e, sobretudo, misteriosa. Para decifrar esse enigma, nasce em 1856, Sigmund Freud, que anos depois se formou em Psiquiatria e, logo, criou o aparato da Psicanálise. A Psicanálise não nasceu para suprir as necessidades psíquicas dos seres humanos, mas para ensinar e aprender juntos, como o ser humano pode viver melhor em harmonia com si mesmo e com o outro.

Foram esses os motivos, pelo qual nasceu a ciência Psicanálise. Por que do nome? Não sei, que tal aprender junto? Isso mesmo! Vamos pensar!

A palavra é Psicanálise. Ao dividi-la em duas partes, temos:

PSICO l ANÁLISE

PSICO – é a importância que alude a Mente

ANÁLISE – é o estudo mais detalhado de uma estrutura que sustenta o paciente analisado.


Então, pela nossa conclusão à Psicanálise é o estudo da mente, certo? Digamos que seja, mas não é apenas isso, a Psicanálise vai além, procura compreender como o ser humano consegue lidar com suas frustrações, quais são as formas e medidas que ele se utiliza para lidar com o mundo interno e externo. 

É por isso que, o estudo desta ciência serve como suporte para o indivíduo, muito parecido com o conceito tríade: família, indivíduo e sociedade. A partir dessa análise será possível compreender quais são os fatores que atrapalham ou beneficiam no desenvolvimento do ser humano. Lembrando que, as bases para que o indivíduo possa desenvolver um bom amadurecimento psíquico é a família. 

O ciclo do desenvolvimento da maturidade só será eficaz, caso tenham os elementos fundamentais que são os familiares: mãe e pai, que tem a função de no mínimo proporcionar um ambiente propriamente seguro, para que o indivíduo possa ser ele mesmo durante o processo de maturação, e assim construir o seu próprio eu, diferenciando da mãe, posteriormente do pai.

8.8.12

Impiedoso vazio

"Olhe com amor para si mesmo, analise cada traço, mudança e lute para ser uma pessoa melhor para si mesmo, só assim poderemos transformar o mundo, buscando conhecer, aceitar e transcender os conflitos que existem dentro de nós".

A primeira aparição da solidão do ser humano ocorre ao nascer, quando lhe cortam o cordão umbilical, o ser humano, gregário por definição, inicia uma nova fase de sua vida, porém, fisicamente sozinho, e assim acompanha sua jornada até a morte, - cujo silêncio absoluto quem sabe caracterize o maior período de solidão.

Há alguns anos, as relações humanas vêm sofrendo mudanças significativas, nas quais algumas delas estão submersas ao significado da vida, e tudo que conspira para sua existência.  É intrigante, mas é possível ouvir o tom trêmulo nas vozes humanas, e sentir que por algum pretexto a humanidade está perdendo o desejo pela vida, e facilmente consentindo com a decadência do mundo externo e, por conseguinte deixando o significado da vida escapar.

A tecnologia, por sua vez foi conquistando seu espaço, modificando as relações comportamentais e afetivas. Revolucionou o conceito de liberdade de expressão, tanto se faz verdade que, hoje não é impossível pensar, ou viver o universo sem tecnologia, sem satélites. Teleconferências, mensagens de celular, e-mails, e-books e sites de relacionamentos, como as famosas “redes sociais”, oferecendo uma interação em tempo real, criando uma Era de “laços de afetividade virtual”, tornando-se ferramentas indispensáveis na rotina da maior parte da população mundial. Todo avanço da tecnologia trouxe benefícios, hoje é possível conversar com familiares, amigos e contatos profissionais de toda parte do mundo, detalhe, em tempo real.

A inclusão digital alcançou todos os lugares, até mesmo as tribos indígenas. No entanto, não podemos deixar de notar que a tecnologia avançou muito então pouco tempo, e que toda essa frenética realidade nos dá a sensação de nunca estarmos sozinhos, no âmbito da solidão. Entretanto, esta é uma percepção fantasmagórica. Séria um estereótipo, caso mencionasse a tecnologia como grande percussora do individualismo, ela não foi à percussora, porém, facilitadora.

Nos detalhes do cotidiano, em um movimento sútil colateral, encontramos pessoas cada vez mais solitárias, depressivas e isoladas. Incrível? Não, porque vivemos nesta realidade, mas não queremos enxergá-la com medo da dor, que de uma forma ou de outra acabamos sentindo. O vazio da solidão tem tomado um rumo assustador, tornando-se uma das maiores queixas do mundo moderno. Hoje em dia, é comum ouvirmos as pessoas queixarem-se do vazio, da solidão, mesmo estando rodeadas de uma multidão de pessoas.   
Contudo, estar consigo mesmo de vez em quando, ou seja, no vazio, na solidão, é importante e até mesmo necessário na vida do ser humano, para que ele possa conhecer a si mesmo, pensar e refletir sobre seus atos, sonhos e no significado da sua vida. O que se constata é que as pessoas não querem parar para tranquilizar a alma – descansar –, não querem designar um tempo exclusivo para refletir, pensar sobre seus medos, solidão ou vazio. Pensar-se a si mesmo. 


É comum olhar na modernidade e ver que, os humanos habituaram-se a viver em constante movimento, inventando sucessivas atividades, unicamente para não terem tempo para pensar, refletir sobre elas e o que está em sua volta; e, assim, não correr o risco de ter que lidar com os problemas.

É notório que temos medo de olha para dentro de nós, e observar que nos acomodamos, criamos ninhos e não desejamos mais sair da zona de conforto, sabemos bem que devemos crescer e amadurecer. Mas sair da zona de conforto sem se machucar, é muito difícil, impossível, tudo isso nos mantém amarrados, acorrentados no passado, nas lembranças, nas pessoas e no pessimismo.

Como sair da zona de conforto? É difícil, não podemos simplesmente criticar esse ato, talvez esse seja o pilar que sustenta o edifício inteiro de alguns humanos.  

Só conseguimos sair dessa zona, quando encontrarmos segurança em nós mesmos e, desta forma, enfrentar nossos medos e conquistar nosso espaço na sociedade, não como um ser humano respeitado, mas como um herói que conseguiu compreender que a vida acontece dentro e fora de nós, por isso é preciso compreender nossos sentimentos e sermos humildes com nós mesmos, com nossos sonhos e com o próximo.

Em nosso dia a dia, frequentemente vamos nos envolver com os sentimentos de vazio, de solidão, e precisamos estar preparados, caso contrário, o vazio pode se tornar um inimigo e posteriormente ser um sentimento insuportável na jornada da vida. 

Portanto, olhe com amor para si mesmo, analise cada traço, mudança e lute para ser uma pessoa melhor para si mesmo, só assim poderemos transformar o mundo, buscando conhecer, aceitar e transcender os conflitos que existem dentro de nós.


                                                                

16.7.12

O COTIDIANO EM ANÁLISE




QUANDO PENSAMOS NO AMBIENTE TERAPÊUTICO, logo nos vêm à consciência o nome do famoso analista Sigmund Freud o pai da Psicanálise e, ulteriormente, em vários outros seguidores da psicanálise. Podemos notar que ainda hoje a relação aos estudos da mente sobre a psicanálise provoca rumores, confusão e muitas dúvidas. Alguns estudiosos preferem o silêncio ao ter que discursar o assunto, deixando de ousar, ultrapassar as fronteiras, repensar a teoria e criar novas possibilidades dentro do contexto desta linha, para ampliar a visão dos estudos. 
O trabalho do analista se resume ao 'amor', caminhar junto com o paciente e não é ocasional que Freud compare o poeta com o analista. Essa dimensão artística da experiência analítica se manifesta na linguagem metafórica, poética, à qual nós recorremos muitas vezes, não é para enfeitar um texto, mas porque ela é a única forma que encontramos para nós expressar, seja ao falar ou descrever os fenômenos dessa nova realidade descoberta por Freud, à realidade psíquica inconsciente e consciente dentro do set-terapêutico. 

Analisando as pessoas, no seu dia-a-dia, é comum ouvi-las se questionarem sobre o que é análise, o que acontece no set-terapêutico, e se há realmente resultados. Seria muito simples dizer que é só fazendo análise que se é possível saber o que ocorre dentro do set-terapêutico. Mas não é tão simples quanto parece e muito menos tão complicado. Quando nos propomos a pensar a análise/terapia, em seu primórdio, teremos o conhecimento que a terapia é, em essência, o ato da reflexão. Pensar-se a si mesmo.

Contudo, fica claro que a análise não necessariamente ocorre somente por algumas horas, dando exclusividade ao set-terapêutico. Acredito que é possível vivenciarmos a análise, também fora do set, na ausência do analista. Assim, como o analista Freud, que é uma prova concreta, que nós mesmos podemos ser nosso próprio analista, uma vez que a terapia deve ocorrer no âmbito familiar, na vida e no cotidiano.

No entanto, não desconsidero que a análise dentro do set-terapêutico seja à base para o tratamento do paciente, e que seja essencial o acompanhamento do profissional no processo de "dialogo" com o paciente sobre suas inquietações. Pronuncio a palavra “paciente”, por ser uma capacidade que envolver a paciência, calma e compreensão das questões que envolvem a nós mesmos e ao mundo, como podemos ver, é preciso ser muito paciente, quando lidamos com o outro, quando tocamos o seu íntimo, na sua dor, no seu passado, que são representações dentro do presente e que causam grandes inquietações, que podem atormentá-lo ainda mais no futuro se não forem compreendidas no seu presente.

Não há dúvidas que, quando o paciente consegue por si mesmo, (re)pensar suas atitudes, erros, sonhos, no significado de sua vida e qual é o papel que o outro exerce em sua vida, podemos dizer que está ocorrendo a “transformação” da análise, ou seja, está acontecendo a terapia.

Assim sendo, o set-terapêutico não é a sala das soluções, ou o lugar ideal para despejar todas as coisas ruins, que não deram certo e sair fora como se nada tivesse acontecido, para viver uma nova vida, muito se engana quem acredita nessa possibilidade. O intuito da análise dentro do set é propor ao paciente o ato de “pensar”, porque para pensar, antes foi preciso sentir, olhar para dentro de si mesmo, e assim entrar em um processo de reflexão sobre os pontos que se deseja promover mudanças, olhar para as dificuldades sem medo de enfrentá-las. Isso é a essência da psicanálise, e o analista é apenas o suporte, quem cria a terapia é o próprio paciente. A análise só existe, se o paciente estiver aberto para pensar-se-a-si-mesmo.

O analista é um facilitador, que se propõe a acompanhar o paciente no processo de analise da sua vida, das dificuldades anteriores e posteriores de sua jornada, e isso só é possível se houver um vínculo saudável que venha propor o amor, que será o suporte para compreensão das transferências de amor e ódio transmitidas do interior do paciente, em seu processo de analise. A vida é uma verdadeira terapia, ela e a natureza nos ensinam constantemente o valor da simplicidade. O mundo é o ambiente propicio para pensarmos sobre nós mesmos. A vida é uma terapeuta, que nos escuta e nos consola nos momentos de angústia e dificuldades do dia a dia.


Deste modo, a análise não deve ser limitada ao set-terapêutico, deve ser sentida, vivenciada no cotidiano, pois não é o ambiente do set-terapêutico, ou o analista que dará um significado e um significante para nossa vida, mas nós mesmos, com simples atitudes de re/pensar nossos atos, tanto com nós mesmos, como para com o próximo. Por mais seguro que o set seja, é o mundo fora dele é o que está em evidência, por isso que devemos viver à terapia no dia-a-dia, e não nos limitando apenas com o suporte do analista, assim para qualquer coisa em nossa vida, devemos criar uma maturidade para compreender a simplicidade que nos rodeia. 

"Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta" 
Carl Gustav Jung

23.6.12

Identificação e o Onírico


Na ligação por identificação, o objeto precisar ser capaz de suportar as projeções feitas pelo (eu), ligação de identificação, quando o bebê quer ser a mãe – sempre com o pensamento de não poder viver sem o objeto de desejo, assim, o individuo deseja tornar-se o objeto, para não mais precisar dele. Ligação objetal, é quando o (eu) deseja ter o outro –  preciso ter aquilo que não tenho em mim -, e, assim crescer com esse objeto, em plena construção mutua. 

Não obstante, se a ligação com o objeto não puder  evoluir de identificação, para objetal, não haverá experiência para uma expansão do desenvolvimento do ego. Para melhor compreendermos, tomemos a tríade de bebê - mãe – pai –, o bebê se liga com a mãe por identificação, já que para o bebê nada mais existe além dele –, é como se fossem a mesma pessoa. 

Quando o pai surge na história, criando, então o triangulo amoroso, o bebê percebe ser mais parecido com o pai do que pela mãe. A partir de então, à ligação por identificação sobrevém agora ser com o pai e, a objetal com a mãe, de modo que deseja ser o pai, para poder ter à mãe. No entanto, se o relacionamento ocorrer com uma mãe narcisista, não ocorrera um processo saudável, de forma que isso conduzira a cristalização do modelo da identificação, no qual a mãe não deixará que o bebê possa ser o outro, de tal forma que ele só poderá existir ser for por ela –, a ligação continuará a consistir em identificação.

Também, temos o trabalho Onírico, que é quando ocorre do Real-Imaginário-Simbólico. Dizemos que, o sonho é a realização insinuada de um desejo. Segundo Bion, os elementos betas são as pulsões desordenadas são atraídos pelo que é real, por exemplo, quando o bebê chora a mãe já sabe se o bebê está faminto ou se está com dor.  Também, é necessário que um objeto  - mundo externo - seja capaz de transformar o que é beta em alfa, isso ocorrerá através dos parâmetros: CONTINENTE – CONTEÚDO.

Segundo Melanie Klein (1960) constitui e é sustentado através da capacidade da formação de simbolização, sendo diferenciada do objeto transicional, pois o bebê ainda precisa de algo concreto, é na simbolização do objeto desejado, confiança no real, mesmo em sua ausência. O símbolo é forma de capacidade de viver o real sem o sensório, tendo de cuidar do objeto no mundo interior, enquanto ele se encontra ausente. Quando o individuo encontra-se na posição esquizo-paranóide – não há ego –, o ego só possui vida, na posição depressiva, pois pode lidar com o sentimento de culpa, criando mecanismos para compreender esse sentimento.

Segunda tópica do aparelho psíquico


A partir do aparato da Psicanálise, a proposta aqui será uma forma de contribuição para com a os achados da linha psicanalítica. Por conseguinte, esta contribuição baseia-se em todos os seus aspectos no paradigma de conhecimento que devemos a Freud (1899) e Melanie Klein (1926) e alguns outros seguidores. A psicanálise consiste em dois (2) modelos, sendo eles:

Primeira Tópica: 

Apresentamos uma visão topográfica do aparelho psíquico – a profundidade e a elevação –, a parte do elemento da mente mais profunda encontra-se o inconsciente, consequentemente, a parte do elemento mais elevado encontra-se no consciente.

Segunda Tópica: 

Trazemos o segundo vértice, sendo um espectro positiva da topografia citada na primeira tópica. Incide em uma visão estrutural do psiquismo. Seguindo nossos estudos, falaremos dos sistemas que precisão ser equilibrados em nosso desenvolvimento: Id, Ego e o Superego.

1.      Introdução:
No entanto, a primeira tópica foi inspirada na análise do sonho e da histeria, será sucedida, após 1920, por uma segunda tópica, elaborada em resposta aos problemas da psicose, que abrange o id, ego e superego. Assim sendo, da primeira, Freud dizia ter um valor descritivo, na segunda reconheceu como um valor sistêmico. Logo, Freud insatisfeito com o modelo topográfico, porquanto esse não conseguia explicar muitos fenômenos psíquicos, em especial os que emergiam na prática clínica. 

Freud elabora uma nova concepção, e, em 1920, mais precisamente a partir do seu importante trabalho metapsicológico “Além do princípio do prazer”, ele estabelece sua clássica concepção do aparelho psíquico, conhecido por modelo estrutural (dinâmico), tendo em vista que a palavra “estrutura” significa um conjunto de elementos que separadamente tem funções especificas, mas que são indissociados entre si, interagem e influenciam-se reciprocamente. A segunda tópica é de modo eminente ativa, dinâmica. Essa concepção estruturalista consiste em uma divisão tripartite da mente em três instancias: Id, Ego e o Superego.

2.      Id ou Isso:
Esse foi um termo introduzido por Georg Groddeck em 1923, que definia como uma vivência passiva do indivíduo, confrontado com forças desconhecidas e impossíveis de dominar, e conceituado por Sigmund Freud no mesmo ano, a partir do pronome alemão neutro da terceira pessoa singular (Es), assim designar uma das três instancias da segunda tópica freudiana, ao lado do ego (eu) e do superego(supereu). O id (isso) é concebido como um conjunto de conteúdo de natureza pulsional e de ordem inconsciente.

O Id é uma parte indomável do ego (eu), deseja a satisfizer o seu prazer, constitui o pólo pulsional da personalidade. Estando seus conteúdos, expressão psíquica das pulsões, no inconsciente, por um lado é hereditário e inato e, por outro, recalcados e adquiridos. Quando o Id se exterioriza, é assustador. 

A libido nasce do Id, e é um reservatório inicial da energia psíquica, abrigando e interagindo com as funções do ego e com os objetos, tanto da realidade exterior, como aqueles que, internos, habitam o superego, com os quais vivem em constante conflito, contudo, não raramente, o id estabelece alguma forma de aliança e conluio com o superego, porém, tem suas diferenciações a partir da genética. 

Bem como citado anteriormente, o id é regido pelo princípio do prazer, logo pelo processo primário, nos recordando do modelo topográfico, o inconsciente, como instância psíquica coincide com o id, o qual é considerado o pólo psicobiológico (somático), funcionalmente constituído pelas pulsões, podendo manifestar-se por todo corpo.

Nesta perspectiva, dizemos que a mente é o continente do pensamento que é o conteúdo, tendo autonomia de adiar a ação, ou seja, pensar antes de agir. Se o aparelho mental estiver maduro, tendo sua capacidade desenvolvida, o id se manifestará com menos frequência, pois o id consiste à forma agressiva da mente, manifesta-se de dentro para fora.

3.      Ego ou Eu:
Freud descreve o ego como uma parte do Id, que por influência do mundo exterior, ter-se-ia diferenciado. O princípio de realidade substitui o princípio de prazer. Enquanto o Id é regido pelo princípio do prazer, o ego é regido princípio da realidade, tendo grande associação com a simbolização.

O ego está numa relação de dependência tanto para com as reivindicações do id, como para com os imperativos do superego e exigências da realidade. Ainda que apresente posição como mediador, designado dos interesses do todo da pessoa, a sua autonomia é apenas relativa. Se o Id conseguir concretizar suas fantasias, consequentemente passa a ser ego. Por conseguinte, quanto mais o ego poder simbolizar, mais estruturado se torna.  

É o ego que tem sua representação eminente, no conflito neurótico, o pólo defensivo da personalidade; colocando em jogo uma série de mecanismos de defesa, estes motivados pela percepção de um afeto desconfortante – sinal de angustia.

O ego tem como seu orientador a percepção, percebendo quando e como as coisas irão acontecer e como proceder na situação, têm dois modelos de importantes dentro do ego, o instinto – é aquilo indomável -, e a pulsão – é aquilo que pode ser contido.

4.      Ideal de Eu:
Essa subestrutura - idealich no original alemão - está diretamente conectada com o conceito, mas genérico, de superego. Resulta dos ideais do próprio ego ideal da criança, os quais, altamente idealizados, são projetados nos pais, onde se somam aos originais princípios provindos do ego ideal de cada um deles, de modo que o ideal do ego pode ser considerado “um herdeiro direto do ego ideal”.

Dessa forma, o sujeito fica submetido às aspirações dos outros, em analogia ao que ele deve ser e ter.  Daí procede que seu estado mental prevalente é o de um permanente sobressalto e o fácil acometimento do sentimento de vergonha, quando não consegue corresponder às expectativas dos outros, que passam a ser também suas.

Freud cita sobre o narcisismo: uma introdução em 1914, onde diz que o fanatismo, a hipnose ou o estado amoroso representam três casos nos quais um objeto exterior, respectivamente: o chefe, o hipnotizador e a pessoa amada vão ocupar o lugar do ideal do ego no próprio ponto onde o sujeito projeta seu ego ideal.


5.      Superego ou Supereu:
É uma das instâncias da personalidade tal como Freud a descreveu no quadro da sua segunda teoria do aparelho psíquico: o seu papel é assimilável ao de um juiz ou de um censor relativamente ao ego. Freud vê na consciência moral, na auto-observação, na formação de ideais, funções do superego.

Classicamente, o superego é definido como herdeiro do complexo de Édipo; constitui-se por interiorização das exigências e das interdições parentais. Certos psicanalistas recuam para mais cedo à formação do superego, vendo esta instância em ação desde as fases pré-edipianas (Melanie Klein) ou pelo menos procurando comportamentos e mecanismos psicológicos muito precoces que seriam precursores do superego (Glover, Spitz, por exemplo).

O superego é atuará em sua grande totalidade como juiz, tudo precisará do seu crivo. Certamente, quando o ego precisar agir, sempre estará em juízo do superego, que dirá o que deve ou não ser feito, caso algo de errado, o superego, sempre estará pronto para culpar o ego.

Analisando as teorias, é possível notar que o eu pode incorporar o Superego, por conseguinte, se transforma em um ditador ou se torna um psicopata, sendo dominado tão-somente pelo ego, distante de quem lhe imponha limites. 

Por outra visão, podemos citar a critica a razão pura (1781), Freud se inspirou nessa obra para compreender o superego. Visto como o princípio da sociabilidade, na orbita de que todos precisam de regras para viver em sociedade, no ponto de vista faz-se à moral. O ético faz-se o ego, quando o superego se ausenta da capacidade de agir, projetará a culpa no outro, assim, podendo se livrando da culpa de ter cometido algo de errado, não ético.

Percebemos, então, que o superego não propõem escolhas – sendo destruidor da fé -, sendo assim, muitas vezes o percussor da obsta das possibilidades. O superego é o repressor do Id – reprimindo suas aparições. Facilmente damos forma ao superego, principalmente nos dias atuais, o contexto social – sociedade – propõe um ideal de cidadãos, para que assim exista uma sociedade de bem, cidadãos de bem.

O superego é o herdeiro do complexo de Édipo, permanece desejando o objeto sem poder tê-lo, estando condenado por isso. Só podemos deixar de desejar se houve à simbolização.  Nesse espectro, quanto mais houver tranquilidade no processo edipiano, mais facilmente formará a estrutura psíquica, pois tudo que desejamos sofre um processo edipiano, por isso, a importância do ego estar em boa estruturação. 

Na melancolia, é o superego que rege a mente do sujeito.  Não obstante, o superego transforma os sonhos do sujeito em pesadelos, é ele que proporciona a casca, muitas vezes tornando-se tão espessa que deixa o centro da verdade oco, abandonando a formação do seu ego.

16.6.12

O que aprender com a solidão


Quando o sol nasce é como se mais uma vez pudéssemos ter a chance de repensar nossas falhas, reorganizar as linhas tortas que descrevem nossa história de vida, não é reescrevê-las, mas organiza-las em nosso ambiente psíquico.  

Todas as manhãs, quando abrimos os olhos e enxergamos à realidade, nos perguntamos como será nosso dia, nesses ensejos que a esperança assume corpo em nossa alma, procuramos a partir da esperança, ter fé que nosso dia será maravilhoso, confiamos que sejamos capazes de compreender e aceitar nossos pontos falhos – obscuros de nós mesmos –, observar nossos erros como um crescimento e não nos culparmo-nos por tê-los cometido.

Em nosso cotidiano, frequentemente nos sentiremos envolvidos pela solidão - solidão é a arte do encontro com o vazio existencial. Esse vazio traz duplo sentido. Um é o da existência, da busca de um significado metafísico; o outro é o da ausência, da perda do objeto importante. 

A liberdade é uma descoberta solitária e por isso muitos tentam evitá-la. A solidão é um sentimento que acende a angústia e que nos coloca perante uma dimensão em um mundo interior onde a chave é o sentido do mundo, o porquê das coisas, as perguntas que fazemos e para as quais não encontramos respostas. 

Para Freud a angústia é um mecanismo de defesa que se organiza a partir do conflito que o ego enfrenta ao tentar lidar com três instâncias: os desejos do id, as imposições do superego e as exigências da realidade.  O sujeito necessita estar com sua estrutura psíquica bem formada, pois será necessário criar um equilíbrio, para lidar com essas três instancias.

Devemos nos permitir navegar por dimensões nunca apreciadas pela realidade, certamente é crível notar que uma forma razoável de suportar a realidade é fantasia-la algumas vezes, do mesmo modo como uma criança o faz.  Conviver com a solidão não é uma coisa simples, como escolhermos se queremos ou não senti-la, impossível, por mais que negamos sua existência em nossa alma, sempre iremos senti-la – é aquele vazio que existe dentro de nós que insiste aparece e desaparece sem avisar –, a solidão, igualmente como a doença, pode ser uma passagem para amadurecimento do psíquico, para construção de uma vida psíquica saudável.

É prolixo contermos a coragem de aprender com a solidão e não somente rejeitá-la. Rejeitar nossa solidão é o mesmo que rejeitar nossos defeitos, nossas mazelas humanas. É como evitar falar em doença e ingenuamente acreditássemos que a doença deixasse de existir. Há pessoas que fazem de tudo para evitar falar sobre a solidão, sobre a doença, sobre as mazelas humanas – não é fácil falar sobre aquilo que nos leva ao desconforto.  No fundo, é apenas uma tentativa de se evitar o contato com a realidade.

Passamos grande parte de nossa vida, querendo compreender os outros, desejando viver seu mundo, achando perfeito o mundo em que vivem, contudo, não sabemos o que fazem para lidar com seus defeitos e suportar casca - falso Self (eu) – sobre o verdadeiro eu, simplesmente para proteger o verdadeiro self(eu), sem sufoca-lo, para não se perder ou confundir-se o verdadeiro com o falso Self.

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma em Ser e Tempo que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos a origem de nossa existência.

O homem se torna autêntico quando aceita a solidão como o preço da sua própria liberdade. E se torna inautêntico quando interpreta a solidão como abandono, como uma espécie de desconsideração de Deus ou da vida em relação a ele. Com isso abre mão de sua própria existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros e diluindo-se no impessoal. Permanece na vida sendo um coadjuvante em sua própria história.

A verdade é que permanecemos absolutamente indolentes e apreensivos para buscarmos novas relações, torno a insistir no medo da memória, pois esta encerra o temor ou uma negativa ao novo, dizendo-nos constantemente que se nos arriscarmos novamente, todo o sofrimento que vivemos no passado poderá se repetir. FREUD chamava esse mecanismo psíquico de "compulsão à repetição", uma tentativa neurótica de reviver constantemente um trauma, até que a pessoa se torna cônscia do processo que havia direcionado principalmente seus afetos.

O psicoterapeuta Flávio Gikovate cita que a solidão é boa, que ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são como ficar sozinho: ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo.

Apesar disso, a solidão pode ser usada a nosso favor ou não, ficar sozinho nos leva a conhecermos a si mesmo, aprendermos a lidar com nossos medos, angustias e nossos defeitos; criar uma estrutura psíquica para poder ser uma boa companhia para nós mesmos.  Observamos o quão difícil é aceitar o outro, não obstante se torna mais difícil conviver a aceitar a si mesmo ao ter que conviver e aceitar o outro. 

A solidão pode ser tanto uma amiga quanto uma inimiga, só depende de nós cativa-la.  Destine um preciso instante a fechar os olhos, abrir seu coração e sentir todo o amor que vem de dentro dele, no seu silêncio natural e saudável. Cuide de você. Crie formas para viver e suportar sua realidade. Quando carecer articular – pense -, pois os ignorantes não podem compreender o valor da solidão do seu silêncio.



8.6.12

O barulho do silêncio


VOLTANDO-NOS PARA NOSSO PRÓPRIO MUNDO MENTAL podemos desvendar enfoques inusitados de nós mesmos, personagens – alguns assustadores, outros amigáveis-, cenários, imagens, ideias, lógicas, sentimentos, medos e desejos.

Frequentemente, um pensamento une ao outro e então é presumível construir um universo pleno povoado por feitios de nós mesmos.  Todavia, nem todos têm essa facilidade – ou esse prazer. Há aqueles que optam estar com outras pessoas, adoram falar, participar de grupos e trocar experiências.

A contrapartida é que pessoas com facilidade enorme para se perder nas próprias elucubrações, aquelas que em geral se sentem muito bem acompanhadas quando estão sós, tendem a ser vistas muitas vezes como solitárias, tristes e até mal-humoradas. Sensato, elas podem ser tudo isso, mas não necessariamente. Por outro lado, aqueles que têm uma lita imensa de amigos, pulam de festa em festa e sempre têm compromissos para o final de semana nem sempre são mais felizes ou menos sozinhos. 


“Durante grande parte do tempo vivemos uma solidão acompanhada.”

Eis que vamos, voltamos e logo permanecemos imóveis, vivemos em círculos, vivenciando os mesmos diálogos, as mesmas prosódias, enfim, mantemos os estereótipos, a violência, o pré-conceito e ainda dizemos que somos humanos, é de caráter duvidoso falar tal palavra: “Humanos”, na perspectiva racional, pois somos o único animal que mata sua própria espécie. Descrevemos sermos seres humanos sociáveis, no entanto, nós, seres humanos, não somos seres sociáveis, porque se assim fosse não teríamos a necessidade de criar regras e leis de convívio. 
"Aqueles que falam muito sempre dizem pouco, mas os que se calam, sempre têm muito a nós dizer."
Enquanto outros falam muito, dizem pouco e ainda acham que sabem muito, tolos, certamente sabem tão pouco de si mesmo e do mundo. O barulho nos conforta, traz uma segurança lúdica, porque quando tivemos medos de enfrentar nós mesmos, sempre haverá àquele que não permitirá que venhamos conhecer o silêncio, o vazio que queima nossa alma.


Obviamente existem extremos. Há adultos que para os quais permanecer sozinho ou em silêncio por apenas meia hora é um verdadeiro suplício, é preciso falar qualquer coisa, ainda que sem importância, desde que seja possível ouvir uma voz; muitos são de tal forma invadidos por essa agitação que se torna impossível entrar em contato com o conteúdo interno. Conhecer-se a si mesmo. Também, na outra ponta deste continuum estão aqueles tão ensimesmados que se refugiam na reclusão absoluta, sem conseguir se relacionar.

Sem nos atermos aos polos que caracterizam patologias, podemos pensar que as diferenças entre os seres humanos são compreensíveis e até bem-vindas.  Na prática, porém, enquanto os extrovertidos são privilegiados por uma cultura que clama pela exposição, pela interação, troca, exaltando a capacidade de exteriorizar emoções e palavras, os calados são vistos muitas vezes como problemáticos.  É preciso dar voz àqueles que muitas vezes preferem calar, pois a pressão social e a discriminação podem perturbar a estabilidade emocional de pessoas que podem ter muita a dizer, mas preferem fazê-lo em voz baixa, na presença dos mais próximos.



Referências: Revista Mente & Cérebro

3.6.12

HOMEM DOS RATOS


Sigmund Freud analisou um jovem cujo trabalho foi publicado como - Homem dos Ratos (1909) - Vol. X da Coleção das Obras Completas de Freud da Editora Imago. Freud procurou formular, a partir do estudo do caso, uma explicação sobre a neurose obsessivo-compulsiva à luz da teoria psicossexual do desenvolvimento. Para tanto, atingiu uma descrição rica e precisa de rituais e obsessões que seu paciente apresentava, buscando interpretá-los à luz de sua teoria. Tal concepção prevaleceu até pouco tempo atrás, quando novos fatos vieram amadurecer essas concepções.

No transcursar da narrativa do filme à Psicanálise se mostra ser surpreendente, em várias ocasiões vemos o triângulo edípico, é notável na expressão do paciente, que ele ainda não se desprendeu- fase uterina – de sua mãe, sendo extremamente apaixonado por ela, tornando-a única mulher de sua vida.  O temor que o paciente vivencia se mostravam evidentes na analise de Freud. Observamos que o paciente sofria de temores de que algo acontecesse a duas pessoas de quem mais gostava - seu pai e uma jovem a quem admirava. 

Assim, pois, tinha consciência de impulsos compulsivos - tais como, por exemplo, de cortar sua garganta com uma navalha -, produzindo ulteriormente proibições, muitas vezes vinculados com coisas triviais, assim como no dia em que a jovem de quem gostava ia partir, e ele bateu com o pé numa pedra da estrada em que caminhava, e foi obrigado a afastá-la do caminho, pondo-a a beira da estrada, logo após lhe veio à ideia de que o automóvel dela iria passar e poderia acidentar-se nessa pedra.

Apesar disso, minutos depois pensou que era um equívoco, e foi obrigado a voltar e recolocar a pedra à sua posição original.  Sobre visão psicanalítica, o temer do paciente é um desejo reprimido – o medo é o filho do desejo – já que o paciente deseja a mãe e odeia seu pai, por ter sido rígido e severo por toda sua tenra infância, apresentando pensamentos perversos de origem de sua sexualidade precoce e intenso sentimentos de raiva contra seu pai - que haviam sido severamente reprimidos.

Quando observamos o paciente, notamos o modelo edípico, visto que um de seus desejos é de exterminar seu pai, para ficar com sua mãe. Analisando o filme percebemos o diagnostico de uma patologia mental, ou seja, um sentimento psíquico de neurose obsessiva – assim, nomeado por Melanie Klein - o amor e o ódio vivem em constante disputa no espaço psíquico e, que causa no individuo ataques de desespero, na busca de encontrar racionalidade diante de sua fantasia. Exemplo é quando o paciente começa a contar de 1 a 10, procurando encontrar sua racionalidade.

Nesta visão psicanalítica, analisamos que o paciente tem forte conexão umbilical com a mãe e, assim, as três mulheres que passar a existir em sua vida, é uma representação de sua mãe, quando direciona seu olhar para uma dessas mulheres, equivaler a admirar sua mãe. Na experiência de sua neurose, para possa estar com uma dessas mulheres, o pai precisa morrer. 

Freud denomina essa fase de sentimento como: conflito edípico. Na época, em que pelo filme foi narrado, não existiam as terias das posições de Melanie Klein. Contudo, poderíamos refletir a respeito de elas e associa-las ao filme, consistir em uma contribuição madura a partir das posições de Klein. De tal modo, entendemos que o paciente apreciava sua namorada como sendo – seio bom – quando ela o satisfaz e, – seio mau – quando ela diz que não o ama.

O paciente descreve seu ego inferiorizado, por vezes se diz criminoso, uns dos motivos pelos quais dizia ser um criminoso constituíam em estar sempre devendo para alguém – o pai.  Em sua análise com Freud, o paciente sentia-se recompensado, quando se masturbava e, logo, permitia que seu pai entrasse em seu escritório, para ver o trabalho desenvolvido por ele. 

O símbolo do rato levou Freud e o paciente a uma série de associações que incluíam erotismo anal, lembranças de excitações anais quando o paciente em criança eliminava lombrigas – Freud interpretava como simbolizando um pênis –, e o fato de ter sido espancado pelo pai aos quatro (4) anos de idade por ter mordido uma pessoa. Associou ainda com dificuldades antigas do pai do paciente com o jogo - em alemão, um jogador é uma spielratte ou rato-do-jogo-, a ideia infantil do parto anal e a própria experiência real de haver tido verminose quando criança. Após um ano de análise, o paciente elaborou sua curou de seus sintomas e, nas palavras de Freud, "o delírio dos ratos desapareceu".

O analista, segundo Bion, só será bom o suficiente, se igualmente puderes re/conhecer a si mesmo – saber os seus limites –, apresentar uma compreensão de si mesmo.  Quando paciente projeta suas resistências no analista, logo, percebera sua incoerência e voltará em seu estado de racionalidade. O analista em sua terapêutica troca de lugar com o superego do paciente, de forma a descreverá qual é o ideal de ego do paciente.

Prontamente, é evidente que o filme faz jus ao nome O Homem dos Ratos, significando que o rato é uma representação de criatura desprezível, imunda e ele sentia-se bem como sendo um rato, imaginava os ratos saindo pelo o ânus do seu pai, ou abocanhando todo seu corpo, no tumulo, sentia que ele era o rato que punia seu pai por ser tão rígido e cruel com ele, em toda sua vida.

A partir da análise é muito importante descrever que, é na infância que todo trauma foi vivido, transcorrendo para fase adulta como uma neurose obsessiva, o paciente vive culpando a si mesmo e ao objeto de desejo, martirizando-se por seus sentimentos reprimidos, quando compreende cada um deles pode elaborar a compreensão dos seus conflitos, com o apoio do analista e, assim, podendo elaborar uma nova fase de sua vida. 

Considerações finais

O simbolo é uma forma representativa dos nossos sentimentos, conscientes ou inconscientes.  O simbolo pode ser representado como sendo bom ou ruim, de tal forma nos remete a recordação do objeto  de desejo, consciente ou inconsciente. 



2.6.12

ENSAIOS SOBRE A TEORIA DAS POSIÇÕES



Nesse processo da divisão e integração do sistema psíquico e, por conseguinte do objetivo primitivo: seio bom e seio mau. Melanie Klein (1929 – 1946) se utiliza das ideias construídas por Sigmund Freud, sendo de grande importância no processo do esboço de suas ideias.

Segundo Klein, os processos primários e secundários da psique existem desde o início da vida do bebê, ou seja, desde o útero. Existe, também, sensata tendência à integração, dizemos que – Eros é o influenciador neste aspecto, e Thânatos é o mestre em influenciar a desintegração. O bebê em sua imaturidade não pode distinguir tal diferença entre ambos dentro do processo psíquico do humano.


“Na perspectiva da Psicanálise, o analista participa do fenômeno, estando por vezes no lugar do Superego do paciente.”

A autora propõe um inconsciente primitivo do bebê, representado por objetos parciais e descrevendo-o como a posição esquizo-paranóide, de tal maneira que, na satisfação às frustrações, o bebê integrar-se-ia a estas partes em um objeto total, vivenciado o que Klein nomeou de posição depressiva.  A posição esquizo-paranóide tem início do nascimento até por volta dos seis meses de idade, o desenvolvimento do eu é determinado pelos processos de introjeção e projeção. 

Entendemos que, a primeira relação objetal do bebê ocorre com o que Klein chamou de seio bom e mau. Mantendo esta linha de pensamento, é possível notar que os impulsos destrutivos e a angústia persecutória encontram-se no seu clímax, igualmente como os processos de divisão, onipotência, idealização, negação e controle dos objetos internos e externos.

O que proponho é de pensarmos sobre Mãe-Bebê, quanto ao conceito de Eros e Thânatos. A mãe é uma grande fonte de estudo, nas contribuições tanto de Eros quanto Thânatos no processo de desenvolvimento do Bebê, em sua contribuição de integração – Eros –, e desintegração – Thânatos.  Bem como sabemos: a mãe é o continente que oferecerá forma àquilo que é o bebê, que chamaremos de conteúdo. 

No desenvolvimento, é proposta uma constância, já que o bebê está todo desordenado, é a mãe que apresentará o norte à vida do bebê, ensinado a hora de mamar, brincar e dormir. Havendo ausência desse aconchego, e atenção da mãe na tenra infância, o paciente, consequentemente, terá algumas dificuldades em lidar com esta falta na fase adulta. No set-terapêutico, o analista propõe ao paciente uma invariância, constância para que possa compreender esta falta e poder prosseguir sua vida sem tantos transtornos.

Segundo Melanie Klein a defesa primordial é a clivagem, o seio é o objeto primordial e será dividido em seio bom e seio mau, ou num bom objeto que o bebê possui e num mau objeto que está ausente, como mãe nunca está sempre presente na vida bebê para amamentá-lo ela se torna ausente e o bebê com isso inaugura o processo de clivagem em sua subjetividade. Ele percebe o seio como – bom – porque o amamenta e como – mau – porque se ausenta.

A mãe é o ambiente seguro para que o bebê possa formar o seu Ego, já sabemos que é o ego da mãe que da vida ao bebê, por isso, é importante que a mãe sempre proporcione o ambiente seguro para que o bebê desenvolva o seu próprio Ego, e assim poder existir na ausência do ego da mãe, ou seja, formulando que ele é a mãe são objetos distintos e não um único objeto. 

Nesse momento, o bebê reconhece a mãe como um único objeto, ou seja, o bebê começa a reconhecer a mãe como uma pessoa total com existência própria e independente, fonte de experiências boas e más. A criança compreende pouco a pouco que é ela quem ama e odeia a mesma pessoa, sua mãe, e assim inaugura a experiência do chamado sentimento de ambivalência.

No segundo momento, se desenvolve a posição depressiva, ela inicia aos seis meses de idade, nesse momento a relação do bebê com o mundo externo se torna mais diferenciada, aumentando sua capacidade de expressar emoções de se comunicar com as outras pessoas. Mas se a mãe é ausente em grande parte do desenvolvimento do bebê, deixando de ser o ambiente seguro e que proporciona o desenvolvimento do seu ego, a criança enrijecer-se-ia ou sucumbir-se-ia, devido à ausência do ambiente seguro, mãe. Entendemos, então, que o bebê percebe que antes temia a destruição do seu objeto amado por perseguidores e agora ele teme que essa sua agressão possa destruir o objeto ambivalentemente amado e odiado. Sua angústia deixa de ser paranóide pra ser depressiva. E assim começa a se originar sentimentos de culpa e luto, como afirmar Melanie Klein.

O bebê projetará sua pulsão de morte na mãe, pois lhe causa desconforto, ansiedade e a melhor forma de se livrar disso, é projetando a pulsão de morte na mãe – seio mau.  Bem como intuímos, o bebê nessa fase se relaciona com objetos parciais, o seio bom e mau, um objeto ideal e outro persecutório. Entretanto, o objeto mau é projetado para fora do bebê como sendo perseguidores e destruidores do objeto bom. Nessa fase observamos a existência de uma angústia persecutória, então a meta da criança nessa fase é de possuir o objeto bom e introjetá-lo e, além disso, projetar o objeto mau para fora e de tal modo a evitar os impulsos destrutivos.

Na projeção de vida, o seio bom é idealizado, de forma que se fundirá com a presença da mãe e a provisão de suas necessidades. O seio bom e o seio mau estão no interno do bebê, mas é a mãe que irá confirmar que não e, ele projeta na mãe essa divisão: seio ideal e seio persecutório. Para o bebê a mãe são pedaços, é, por isso que o bebê elegera quem traz prazer é uma e a que lhe traz o desprazer é outra. 

Quando o bebê estiver com o seio bom, vai temer a chegada do seio mau.  O bebê sente e compreende que o inimigo está presente no outro, e uma hora este mesmo inimigo vai persegui-lo – Klein chama essa experiência como: posição esquizo-paranóide. Caso o bebê não projetar o ruim no outro – mãe – começara a definhar. 

A psicose surge desses conflitos internos em sua tenra infância, de alguma maneira cada um do seu convívio é responsável por um pedaço desse todo. Elucidando, caso o Ego do individuo esteja nas mãos de outros, ou seja, precisa do outro para dizer quem é ele, é o superego do individuo que regerá sua vida e, certamente, vai vivenciar uma autocomiseração e fantasia, podendo se tornar um psicótico.

Nesse processo é importante que a mãe suporte todas essas projeções, a partir desse ambiente seguro, o bebê começa a compreender que o seio bom e seio mau são a mesma pessoa. A partir do acolhimento da mãe, que tornou o conteúdo integrado, o bebê começa a compreender que toda essa bagunça externa está dentro dele – Klein – nomeia este sentimento como sendo: posição depressiva - capacidade de suportar a culpa de ter odiado quem o ama. A ansiedade do bebê – posição depressiva – é que as suas hostilidades possa destruir ou danificar o objeto amado – culpa. 

No desenrolar do processo de desenvolvimento psíquico é que o bebê sente dificuldade em compreender que existe outra pessoa além dele, a mãe.  Desta forma se inicia um processo de reparação dessa relação objetal ambivalente. É com esse processo de reparação desse luto e culpa é que constituirá na melhor saída da posição depressiva. Esse processo se dá com a aceitação da perda de parte do objeto, sucedendo essa condição o bebê poderá restaurar o objeto amado, porque somente assim ele poderá reparar o desastre ocorrido e assim preservar o objeto amado de outros ataques dos objetos maus, esse processo de superação e reparação, segundo Melanie Klein, é o chamado de trabalho de luto.

Portanto, através da elaboração da perda é que o bebê incide a trabalhar saudavelmente a construção de sua subjetividade. E de acordo com Melanie Klein, nós sempre estaremos vivendo as posições esquizo-paranóide e depressiva ao provir de nossas vidas, sempre de forma alternada, segundo a Psicanálise Kleiniana, essas são as únicas formas de se convivermos com objeto e de viver nossa angustiosa e terrível realidade.


“O amor e o ódio disputam espaço dentro do aparelho psíquico, é de extrema importância equilibrar a tríplice do aparelho psíquico: Id, Ego e superego.”

30.5.12

ENSAIO SOBRE LUTO E MELANCOLIA E AS VICISSITUDES

Segunda Tópica:

A base do que vamos pensar é que a Psicanálise não é nova, porém, confortável. Enquanto algumas teorias procuram compreender tudo de forma intelectual, a Psicanálise visa à estrutura emocional. Quando perdemos algo que consideramos importante, passamos pelo processo de luto: a perda começa desde o parto – a perda do ambiente do útero interior, para o mundo exterior, fora da barriga.

Recolhimento: É o momento a partir do qual nos recolhemos do mundo externo e voltamo-nos para o mundo interno, vivendo uma fase de latência, pois nos desinteressamos pelo que está no mundo externo. Somos abandonados por Eros e ficamos a cargo de Thânatos.

Esquema de luto: Entendemo-lo pelo “perde o perigo”. Há o recolhimento até que consiga compreender o que está a sua volta e reformular seu mundo sem o objeto perdido.

Melankholia: Do grego Khlis (bílis) e Mêlos (negro), literalmente bílis-negra. Quando se perde o objeto de desejo, em nosso processo de elaboração do Luto, o mundo torna-se pobre e vazio. 


No estado de melancolia o Ego torna-se carente e vazio, pois, vivencia um estado (permanência) de sofrimento, por não conseguir elaborar a perda, culpa-se o objeto perdido por suas falhas, ou, busca ser ou torna-se o objeto perdido. Na melancolia o próprio eu se perde com o objeto. 

O autismo poderia ser um exemplo de melancolia crônica, uma vez que se ele vivesse ainda no útero, pois não é preciso lidar com o externo, só existe o seu mundo e nada mais. Na melancolia vivemos o narcisismo, de modo que por precisar do outro para ser Eu, se o outro morrer, ou se morre junto, ou torna-se o outro para viver.