Desenvolvendo a terceira etapa denominada,
por Freud (1980) de “fase fálica”, devido à primazia das sensações prazerosas
estarem anatomicamente localizada em sua região do falus genital, esta fase é marcante no desenvolvimento do ser
humano, pois é nela que a criança começa a descobrir de fato o seu órgão
genital, percebendo as diferenças entre menino e menina. Ao descobrir seu
genital, a criança observa que nos meninos há a presença do pênis e que nas
meninas há a falta dele, isso serve como evidencia de que as meninas passam a
não ter o pênis por que alguém lhes cortou ou que ainda irá de crescer. Na
menina isso causa um complexo de inferioridade quanto ao seu papel no meio
familiar, ou seja, quem tem é ativo (tem o poder), deve ficar claro que, neste
momento, não nos referimos ao ato sexual, pois a criança não tem a percepção
exata de funcionalidade do pênis e da vagina, para eles isso só se entende que
quem tem pénis é ativo (tem o poder) e quem não tem no caso a menina é passiva
(não tem o poder).
Essa fase caracteriza-se, segundo
Freud (1980), como uma fase de grande curiosidade sexual. As crianças adoram
olhar as pessoas desnudas e, também, gostam de ser vistas, gostam de
manipularem seus órgãos genitais, causando prazer e, consequentemente, tendem a
repetir isso várias vezes.
É nessa fase que se desenvolve uma
preferência afetiva da criança com seu genitor do sexo oposto, podendo, muitas
deles, dizerem ingenuamente “quero casar com meu pai” e “minha mãe é minha
namorada”, com isso tenta excluir o outro genitor da relação familiar, mesmo
sabendo que há um laço afetivo com o outro e, em alguns casos, sentindo culpa
por querer expulsá-lo desta relação familiar. Este triângulo amoroso, Freud (1980) denominou de complexo de Édipo, baseando-se na peça Édipo Rei do grego Sófocles. Essa fase ilustra a relação amorosa
entre pais e filhos. É interessante, que Freud (1980) chama atenção para
formação do ideal do ego, ou Superego (uma identificação originalmente
derivadas das figuras de autoridade parentais), sugere como substituto dos
desejos edípicos.
Segundo, a já citada, expoente da
Psicanálise, Klein (1975) propõe pensarmos as questões edípicas de uma forma
mais precoce e sugere que fantasias como essas habitariam a mente da criança
desde a mais tenra infância. Explica isso como o auxilio da divisão do objeto
(objetos parciais).
Ao adotarmos a abordagem de Freud
(1940), teremos a seguinte linha de pensamento:
Com a fase fálica, e ao longo
dela, a sexualidade da tenra infância atinge seu apogeu e aproxima-se da
resolução. A partir daí, meninos e meninas têm a histórias diferentes, Ambos
começaram a colocar suas atividades intelectuais a serviços de pesquisas
sexuais; ambos partem da premissa da presença universal do pênis. Mas agora os
caminhos dos sexos divergem.
O complexo de Édipo pode revelar
uma impaciência como um fenômeno central do período sexual da primeira fase da
infância. Após isso, efetua-se sua dissolução: ele sucumbe à regressão e é
seguindo pelo período de latência.
Com esse desenvolver passa-se para
fase que Freud (1980) denomina de Fase da
Latência. É nesta fase que através dos estudos psicanalíticos diversos
descobrimos que as sementes
dos
impulsos sexuais já estão presentes no recém-nascido e continuam a desenvolver-se
durante algum tempo. Esta fase estende-se dos seis (6) anos até a fase da
puberdade, que se inicia por volta dos nove (9) anos. Isso, entretanto, ocorre
devido às experiências obtidas pela criança.
Essa fase pode se desenvolver um
pouco mais tarde dependendo das experiências vivências pela criança. Neste
período a criança demonstra uma aparente
diminuição do interesse sexual, o que poderia ser um resultado dos fortes
impulsos genitais (instinto), que são conflitados pelas normas e regras sociais
(realidade), ou seja, com a repressão das ideias incestuosas componentes do
complexo de Édipo e a posterior maturação das funções do ego. A criança é inundada por sentimentos como o asco, vergonha, as
exigências dos ideais estéticos e morais, são fatores que contribuem com o
afastamento tanto do mundo externo quanto do aspecto sexual.
Ao desenvolver-se nesta fase, a
criança cria forças psíquicas que impelem a função autossuficiente de bloqueio
do curso do instinto sexual. Com essas forças poderão, então, buscar recursos
para assistir a demanda que tem um fluxo contínuo. A energia libidinal é
permanentemente gerada, não pode ser simplesmente eliminada, tampouco suporta
eficientemente a repressão. Uma boa parte dela é canalizada para outras
finalidades. Assim ela é direcionada ao que Freud (1980) denominou sublimação: orientada ao desenvolvimento
intelectual e social da criança. Com isso a criança adquire habilidades para
lidar com o mundo que a cerca, sendo que a hereditariedade e a educação são
grandes colaboradores neste processo de repressão de impulsos. Com o fim dessa
fase de latência, aflora-se, novamente, a fase sexual na puberdade.
Entramos a fase que Freud (1980)
denominou de fase Genital, essa fase
desenvolve-se na adolescência, aproximadamente entre seus onze (11) e treze (13)
anos até que venha a atingir a fase adulta. Essa fase constitui para Psicanálise,
o alcance do pleno desenvolvimento adulto normal. A criança passa por esta fase de luto, ou seja, aprende a deixar
de ser criança e começa a construir sua maturidade, pouco a pouco aprende a
competir e descriminar seu papel social e desenvolve-se intelectual e
socialmente. Compreende a capacidade de ser
capaz de realizar e de amar em um sentido mais amplo.
Nesta fase a libido tende a centralizar-se
na região genital e, assim, também, ocorre uma intensificação dos impulsos,
podendo, aos poucos, provocar uma regressão na organização da personalidade.
Reaparecem conflitos de estágios anteriores e oportunidades de resolver esses
conflitos no contexto de alcançar maturidade sexual e identidade adulta.
É possível observar que, esta fase
é voltada para a função reprodutora, portanto, esse desenvolvimento é norteado
pela separação, parte final da dependência e do vinculo parental, e pelo
estabelecimento de relações de objeto heterossexuais, não incestuosas e
amadurecidas. Consolida-se, também, a identidade individual que resultará na
integração adaptativa dentro das expectativas sociais e dos valores culturais.
Desvios patológicos, devido ao
fracasso em resolver exitosamente esse estágio do desenvolvimento, são
múltiplos e complexos. As maiorias das falhas podem proceder de todo o espectro
dos resíduos psicossexuais, já que a tarefa evolutiva do período adolescente faz-se
em um sentido de reabertura, ao reviver e reintegrar todos esses aspectos do
desenvolvimento. As resoluções anteriores que não puderam ser bem sucedidas e
as fixações nas várias fases ou aspectos do desenvolvimento psicossexual
produzem imperfeições patológicas na personalidade adulta, sugerindo a criação
de estruturas comprometidas. Freud (1980) ao descrever essa fase e os processos
obtidos até aqui ele cita:
“Este processo nem sempre é realizado de modo
perfeito. As inibições em seu desenvolvimento manifestam-se da vida sexual.
Quando é assim, encontramos fixações da libido a condições de fases anteriores,
cujo impulso, que é independente do objetivo sexual normal, é descrito como
perversão”. (FREUD, 1980)
Em todo o processo da vida sexual,
nunca deixaremos de vivenciar estas experiências intrínsecas de nossa primeira
infância até a velhice. Isso é talvez a maior expressão de estar vivo. O
surgimento da perversão, expressa para Freud:
“As perversões são ou (a) transgressões
anatômicas quanto às regiões do corpo destinadas a união sexual, ou (b) demoras
nas relações intermediarias com o objeto sexual, que normalmente seriam
atravessadas com rapidez a caminho do alvo sexual final”. (FREUD, 1980).
Com isso Freud lembra o leitor à
definição da perversão na Psicanálise:
Quando as circunstâncias são
favoráveis, também as pessoas normais podem substituir durante um bom tempo o
alvo sexual normal por uma dessas perversões, ou arranjar-lhe um lugar ao lado
dele. Em nenhuma pessoa sadia falta algum acréscimo ao alvo sexual normal que
se possa chamar de perverso, e essa universalidade basta, por si só, para
mostrar quão imprópria é a utilização reprobatória da palavra perversão.
(FREUD, 1980).
No presente contexto, encontra-se a
esfinge e os riscos no uso do termo para delinear certos diagnósticos que
definem a perversão como um processo patológico. Freud (1980) postula que um critério mais seguro
estaria na observação mais atenta do processo, através da qual se percebesse
não a perversão ao lado do objeto como um facilitador do encontro (sexual) com
o mesmo, mas, sim, quando surge como substituto deste, em prol do objetivo
perverso. Fatores como a exclusividade e a fixação estariam presentes dentre
suas características.
Buscando o vértice psíquico,
encontramos o equivalente a idealização
do instinto, isto é, o trabalho de elaboração dos impulsos libidinais (o
pensar) fora substituído pela atuação (act-out)
da fantasia que remete a fases anteriores e se mostra como manifestações
primitivas.
Sentimentos como os de repugnância e
vergonha partem da componente estrutural do aparelho psíquico, denominada por
Freud (1980) de superego em conflito com os impulsos
instintivos oriundos da parte mais primitiva chamada id. Na perversão o id
triunfa neutralizando o efeito do supereu. A neurose é
entendida então, como o negativo da perversão. Uma repressão mal sucedida da
pulsão.
Ao olharmo-nos no espelho, somos
apenas um percussor do rosto de nossa mãe, ou seja, somos o pensamento dela, e
tudo o que contestarmos de maneira psíquica esses fatores contestados são a não
aceitação (inconsciente) de sermos iguais aos nossos pais, analisamos que para
um desenvolvimento propriamente dito saudável, faz se necessário que o bebê tenha
um ambiente seguro para que venha a desenvolver seu aparelho psíquico com tranquilidade,
sem tantas frustrações.
Propúnhamos que se o bebê não se desenvolver em um ambiente, conforme descrito, provavelmente terá dificuldades em suas experiências nas demais fases da vida, podendo, então, contrair ao longo do desenvolvimento de sua vida, uma possível neurose. Em uma visão subjetiva, ao passarmos pela análise poderemos melhor analisar-nos e sempre, em cada nova análise, resgatar a capacidade de amar e de ser amado.
Maicon José de Jesus Vijarva