A psicanálise é
o avesso do politicamente correto e trabalha no inverso do discurso cientifico preguiçoso da
psiquiatria contemporânea, que não se esforça em captar a singularidade no discurso do sujeito no século XXI, “limitando-se a classificar as doenças com base em uma
classificação sumária de sofrimentos” (Forbes, 2012).
A clareza sobre
este aspecto se torna nítida, quando os supostos “mestres” que [acreditam estar sendo] conduzidos pela "ética", deveriam oferecer um ambiente propicio à expansão do pensar a cerca do sujeito e seus sintomas. No entanto, trazem uma prática que reduz o ser humano ao manual das classificações de seus sofrimentos, que impregna na personalidade do doente dos nervos, como rótulos, que serão difíceis de serem reparados no trabalho de análise [se conseguir pisar num setting analítico] os danos causados na vida psíquica e física do sujeito.
O percurso que a psicanálise oferece, convoca o sujeito do inconsciente a transformar sua culpa, convidando-o a se responsabilizar por sua existência. Não é algo simples, se responsabilizar é algo doloroso, que demanda muito mais que abandonar a irresponsabilizabilidade. O campo da psicanálise não se satisfaz mais com o enredo vertical do Complexo de Édipo, essa estrutura ainda é muito importante, mas o sujeito no século XXI vive um outro momento, que é o de ultrapassar os pais. Trata-se de re-escrever as repetições do passado com um ar que beira a imobilidade.
A contemporaneidade deseja a elaboração de uma saber sob a subjetividade de sua época. Entre infinitas opções, saber identificar o que realmente oferece ao seu percurso, a possibilidade de ir ao encontro do pensamento que o antecede, e a partir desse encontro re-escrever algo novo com a estrutura do passado.
Para que isso se desenhe no real, é preciso escapar e ultrapassar o lugar que esse semblante organiza sob a forma de um discurso impositivo dos manuais de sofrimento. Recorrendo aos escritos de Clarice Lispector, em seu livro "A hora das estrelas", é possível interpretar em seus escritos que não há palavra que possa nomear o que desestrutura o sujeito e, tampouco, há um manual dos sofrimentos será capaz entender o que se passa dentro do ser humano.
Jean-Claude Maleval em seu livro "O autista e sua voz (2017)", leitura importantíssima ao meu ver, por desconstruir qualquer saber sobre o sujeito e, em especial, autista. Traz uma expansão do pensar a respeito deste sujeito e sua subjetividade. Maleval de imediato nos provoca a questionar os semblantes que nos são apresentados, numa tentativa de pensar à luz do olhar de fora, para que seja possível ultrapassá-lo.
Para saber algo sobre alguém, é preciso sentir a angústia de nada saber sobre. Capacidade que continua a ser ocultada, por medo de ocupar o lugar de ignorância. Ser analista é justamente aprender a lidar com o não-saber de si mesmo, oferecendo possibilidades para que se possa apreender com o não-saber a saber algo sobre si e, só assim, saber algo sobre alguém a partir do lugar de ignorância. A única coisa que Eu sabe é que nada sabe. Assim sendo, o ser humano cria sintomas para não lidar com o vazio angustiante que a ignorância oferecer. Não saber é, em essência, o mesmo que impotência e descontrole.
O percurso que a psicanálise oferece, convoca o sujeito do inconsciente a transformar sua culpa, convidando-o a se responsabilizar por sua existência. Não é algo simples, se responsabilizar é algo doloroso, que demanda muito mais que abandonar a irresponsabilizabilidade. O campo da psicanálise não se satisfaz mais com o enredo vertical do Complexo de Édipo, essa estrutura ainda é muito importante, mas o sujeito no século XXI vive um outro momento, que é o de ultrapassar os pais. Trata-se de re-escrever as repetições do passado com um ar que beira a imobilidade.
A contemporaneidade deseja a elaboração de uma saber sob a subjetividade de sua época. Entre infinitas opções, saber identificar o que realmente oferece ao seu percurso, a possibilidade de ir ao encontro do pensamento que o antecede, e a partir desse encontro re-escrever algo novo com a estrutura do passado.
Para que isso se desenhe no real, é preciso escapar e ultrapassar o lugar que esse semblante organiza sob a forma de um discurso impositivo dos manuais de sofrimento. Recorrendo aos escritos de Clarice Lispector, em seu livro "A hora das estrelas", é possível interpretar em seus escritos que não há palavra que possa nomear o que desestrutura o sujeito e, tampouco, há um manual dos sofrimentos será capaz entender o que se passa dentro do ser humano.
Jean-Claude Maleval em seu livro "O autista e sua voz (2017)", leitura importantíssima ao meu ver, por desconstruir qualquer saber sobre o sujeito e, em especial, autista. Traz uma expansão do pensar a respeito deste sujeito e sua subjetividade. Maleval de imediato nos provoca a questionar os semblantes que nos são apresentados, numa tentativa de pensar à luz do olhar de fora, para que seja possível ultrapassá-lo.
Procurando reduzir o sujeito ao seu corpo, a psiquiatria hoje lhe confisca a competência no que se refere ao conhecimento dos seus transtornos (Maleval, 2017).A ignorância da estrutura que nos constitui, serve de ferramentas para o Outro [seja o imaginado por nós, em forma de superego, ou o outro real], manipular a sua maneira, como algo estranho, disforme e incapacitado para servir aos ideais da sociedade. O sujeito autista tem muito a falar, a ensinar. Bem como qualquer outro sujeito que apresenta um transtorno. A especie humana tem a tendência a dar nome para o que não conheça, por ser incapaz de lidar com o que não está visível à compreensão. É preciso dar nome para falar sobre "isso". Já para Bion em "Seminários Italianos (2017)", é preciso ser muito corajoso para se colocar no lugar de ignorante frente ao outro.
Para saber algo sobre alguém, é preciso sentir a angústia de nada saber sobre. Capacidade que continua a ser ocultada, por medo de ocupar o lugar de ignorância. Ser analista é justamente aprender a lidar com o não-saber de si mesmo, oferecendo possibilidades para que se possa apreender com o não-saber a saber algo sobre si e, só assim, saber algo sobre alguém a partir do lugar de ignorância. A única coisa que Eu sabe é que nada sabe. Assim sendo, o ser humano cria sintomas para não lidar com o vazio angustiante que a ignorância oferecer. Não saber é, em essência, o mesmo que impotência e descontrole.
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