“a Psicanálise é uma terapêutica, a da neurose, e é ao mesmo tempo uma teoria psicológica, uma teoria geral da natureza humana e especificamente da existência do inconsciente e das manifestações deste em sonhos, sintomas, no caráter e em todas as produções simbólicas" (Erich Fromm,1969).
A psicanálise é um
movimento de tratamento elaborado por Sigmund Freud, através de estudos sobre o
sujeito de sua época, que apontou ao seu criador o caminho para a descoberta do
inconsciente. O tratamento analítico, em sua constante descoberta de novos elementos, está na escuta
investigativa do discurso [entre o real e a fantasia] do sujeito em seu
sofrimento psíquico.
Essencialmente é
uma teoria que se propõe estar junto com o sujeito do inconsciente em seu
percurso na elaboração de um saber a respeito da estrutura que o constitui. Faz necessário trazer em alto relevo, que
negar o sofrimento psíquico ou realocá-lo não basta para extinguir seus sinthomas.
A dinâmica do que
causa o sujeito oferece à psicanálise elementos para pensar o que constitui o
sujeito. Na análise com crianças e adolescentes, o dinamismo está em percorrer o que há no saber
desses sujeitos e como ele está se constituindo. De acordo com Françoise Dolto, “as crianças
são os sintomas dos pais”.
O que nos aponta a pensar o contexto
familiar e que nele, estrutura um saber inconsciente para cada membro que o compõe. A
escuta analítica ouve o que falta ao sujeito e, mais ainda, o que ele fez/faz
com o que lhe falta. O nome recebido pelo sujeito, o seu lugar no desejo dos
pais, a dinâmica que o constitui nessa família, o estágio que vivenciava em seu
desenvolvimento quando certos eventos ocorreram, a relação com a função
paterna, – entre outros elementos – são reveladores na elaboração do pensar a posição
o sujeito se coloca frente ao outro e aos acontecimentos da vida. A psicanalista lacaniana
Flávia Albuquerque (2011),
“a partir destes detalhes, o sujeito constrói um certo ‘discurso inconsciente’. Discurso este que o analista está apto a escutar e desenvolver, em forma de interpretações, ao sujeito que busca. A escolha da profissão, dos parceiros amorosos e decisões tomadas estão intimamente ligadas a todo este contexto”.
A autora levanta
uma questão importante, quando direcionamos para a pergunta de quanto tempo dura
uma análise. A psicanálise apresenta um percurso de tratamento longo, por oferecer a possibilidade de
pensar o que causa o sujeito frente o desenrolar da vida. Para Flávia Albuquerque,
uma análise levada ao pé da letra é um osso duro de se roer, mas o que não quer
dizer que os seus efeitos sejam morosos.
Entrar em análise,
não isenta o sujeito das repetições que o estrutura até o momento da busca por
tratamento, tampouco, tantos outros acontecimentos que virão a ser importantes de
ser trabalhados. Para além disso, existe uma outra questão que borbulha os sujeitos que buscam
à análise. O valor do investimento. Muitos pensam que o valor das sessões em
psicanálise seja caro. Sim, pode até ser.
Mario Sérgio Cortella, faz a consideração de que caro é aquilo que não tem valor, que não vale o que se paga. Para
Flávia Albuquerque, a psicanálise ser um tratamento cara, não significa que o menos
favorecido não possa se submeter a uma análise. O que nos revela que a análise
é cara para cada um à sua maneira.
Aquele que arrisca
e aposta tudo em sua análise, é um sujeito que ousa ao trabalho árduo de se
propor à questionamentos sobre a relação consigo mesmo e com o outro. É impossível atravessa a vida ileso de sofrimento, porque na vida é preciso se
reinventar e conviver da melhor forma possível com as causas da dor de
existir.
Ao se submeter a
uma análise bem conduzida, o sujeito é informado pelo analista sobre a existência
e funcionamento do inconsciente que o estrutura, esse ato proporciona ao
sujeito um movimento de transformação ante a vida. Os efeitos de uma análise é subjetivo, não existe um saber uniforme [na psicanálise] que dê conta de padronizar um método, pela ética de que cada sujeito é único em sua maneira de existir no mundo.
Referências
ALBUQUERQUE,
Flavia - Afinal, o que é psicanálise? (2011) Link: https://goo.gl/cdJrGc
FROMM,
Erich – A missão de Freud, 1969. Rio de Janeiro, Editora Zahar.
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