A expansão da capacidade mental do sujeito é povoada de desconfortos, que está intimamente ligada aos vínculos de amor e ódio com o outro, seja familiar ou social. O processo dinâmico de conhecer a si próprio e se autorizar a mudar de posição subjetiva para produzir uma nova visão expansiva estão subordinados à capacidade de tolerar frustrações frente ao que se planejou para vida.
Esse furo que a frustração submete o sujeito do
real ganha um estranhamento individual na nova dinâmica do virtual: o desejo de
sustar sua existência na eternidade. Na incapacidade de o sujeito lidar com a
falta nasce o estilo hikikomori, nova
maneira de vida que tem ganhado inúmeros simpatizantes na pós-modernidade.
A terminologia de origem japonesa desenha certo comportamento
de extremo isolamento doméstico por pessoas geralmente jovens, que optam por se
excluir da cena social, de modo a evitar ao máximo o contato físico com o próximo.
A busca por tornar-se a si mesmo, ou seja, chegar
ao mais próximo possível do nosso íntimo, passa a ser obsoleta. Inicia-se o
laço virtual terminável e interminável com o real, o sujeito se contrai e se
constrói em si mesmo e com isso é incapaz de perceber a sua degradação e,
consequentemente, a do Outro.
A tarefa de aprender a tolerar os desconfortos e o
que há de mais doloroso na vida se faz impossível com os hábitos hikikomori, que proporciona ao sujeito
uma patologia semiótica de se colocar no lugar de eterno no mundo através da
ópt. virtual, que não deixa de estar em constante comunicação com o real, porém
corroendo o mínimo possível de esperança de ligamento afetivo de 1+1.
Pelo caminho da escrita, o axioma até aqui nos
permite pensar as inovações de se colocar no mundo frente às novas ferramentas que
autoriza o sujeito a se pôr num outro lugar que o permeia na finitude da
relação de si mesmo +1. Frente a esse contexto o sujeito de ontem, por viver em
uma órbita padrão, sabia onde aspirava chegar, guiado por seu questionamento
sobre o que lhe acorrentava a sua vida, ao projetar luz em seu passado.
Quando “inicia-se
uma nova configuração do laço social: a globalização privilegia a
horizontalidade sobre a verticalidade constituindo uma sociedade de rede, muito
distinta da piramidal da qual nos afastamos no decorrer da construção do corpo
do sujeito na história (Forbes, 2010).
O que reafirma que o sujeito atual, mais que do
passado está interessado em saber além do mesmo, está velado em seu futuro. Saber
como escrever e sustentar sua honra na imensidão do eterno. A pergunta que hoje
o sujeito faz a si mesmo não é mais “o
que impede de chegar a um objetivo,
pois o problema, quando se quebram os padrões, é saber qual é o seu objetivo
entre as inúmeras possibilidades, fato que traz o furo do estranhamento da
angústia”
(Forbes, 2010).
O real no virtual hipoteticamente esteja no defrontar com a impossibilidade de tudo saber ante ao qual só sobra a possibilidade de inventar uma solução e assumir o risco do seu desejo, em que o sujeito precisará descobrir uma forma de transformar a rigidez em flexibilidade; a angústia que o imobiliza em criatividade; a moral da necessidade em ética do desejo.
O real no virtual hipoteticamente esteja no defrontar com a impossibilidade de tudo saber ante ao qual só sobra a possibilidade de inventar uma solução e assumir o risco do seu desejo, em que o sujeito precisará descobrir uma forma de transformar a rigidez em flexibilidade; a angústia que o imobiliza em criatividade; a moral da necessidade em ética do desejo.
---------------------------------------------------------------------------------------------------------- ------------------------------------------- FORBES, Jorge. Artigo publicado na Revista Psique -
número 51, março 2010 Link direto do site do autor:
(http://www.jorgeforbes.com.br/br/artigos/Voce-esta-em-analise.html).
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