A causa dos
adolescentes, de Françoise Dolto – #parceriasacuradefreud – a autora foi
pediatra e psicanalista francesa. A originalidade de suas ideias e imaginação,
causava irritação e deixavam muitas pessoas inquietas e angustiadas. Mulher à
frente de seu tempo, inovou numa enorme espiral de movimento a clínica
psicanalítica com crianças. Neste livro, fica claro o quão atenta Dolto estava
para a ética nas relações humanas e as maneiras de comunicação de seus
pacientes e familiares.
Obra que se
constrói e estrutura sob o olhar de nascer e morrer em sua trajetória. Mais
ainda, ela promove uma reflexão importante entre A causa das crianças e A causa
dos adolescentes: nos convoca e conduz a refletir sobre as etapas enfrentadas
pelos adolescentes em sua “morte para a infância”. Podemos
refletir melhor por uma passagem que gostei muito logo no prólogo, é que podemos perceber o quão esta obra nos diz muito sobre a morte, a sexualidade e as
consequências na vida adulta e da melhor idade, neste seguinte trecho: “com o
coração já se esvaindo e incontrolável, as pessoas a viam à beira da morte,
ela, porém, soube voltar de sua própria morte para falar dela com seus
pacientes e amigos”.
Dolto nos
leva a revisitar, de um outro lugar, nossa adolescência e refletir os efeitos e
reflexos desse luto em nossa vida adulta. A morte pode ser uma ilha calma em
meio a tempestade, quando podemos contar com um ambiente acolhedor de pessoas
corajosas a ponto de serem continentes que nos provoque naturalmente a espiral
de movimentar nossos fragmentos, para que a vida no depois seja menos árdua e
mais leve.
Por essas e
outras, que necessitamos como adultos, tomar consciência de nossas rasuras e
restos, da nossa mínima condição humana de fragilidade, para que se torne menos
escuro compreender passagens deste livro, sendo elas:
1. Um recém-nascido cuja família lastima que
ele seja assim ou de outro modo, que diz que ele se parece com esse ou aquele,
que tem um nariz de alguma forma, e chega mesmo lamentar o sexo que a criança
tem ou a cor dos seus cabelos, corre o risco de ficar para sempre marcada,
quando todos imaginam que ele não está entendendo coisa alguma. Ele teve o
entendimento dessa deficiência “social’ com a qual ele nasceu.
2. Nessa idade, todos os julgamentos produzem
efeito, inclusive os que são expressos por pessoas que não tem nenhuma
credibilidade, por exemplo, os invejosos, ou que não vão com a cara dos pais. A
criança não é um ser que nada compreende; quando ouve que falam mal dela,
entende isso como tal, e é algo que pode comprometer por toda vida sua relação
com a sociedade.
3. A criança recebe à queima-roupa toda
descarga de coisas negativas que a afetam profundamente psicologicamente e, em
alguns casos, fisicamente pelas vias dos sintomas no corpo.
O livro
aborta essas questões e como elas podem acertar à queima-roupa uma criança,
também se impõem ao jovem adolescente em seu pleno desenvolvimento. Portanto, é
como apresentamos o mundo a nossas crianças pela sonoridade de nossas palavras,
ao que antecede ao nascimento e no seu posterior, é como elas irão reagir ao
mundo sob qualquer adversidade, diversidade, acaso, espanto ou catástrofes como
a que estamos vivendo no momento. A reação de nossa cultura brasileira é a
reação de como tratamos nossas crianças e jovens desde muitos anos que
antecedem a todo esse caos. Está aí uma questão a pensar e refletir melhor: qual
nossa responsabilidade em toda essa desordem?
Boa leitura,
porque este livro denuncia muita coisa sobre nossa cultura e nossa resposta a
pandemia que estamos vivendo.
Fiquem em
casa, lavem as mãos e respeitem-se respeitando o outro.
Obrigado
@ideiaseletras pelo envio. 🧡
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