AMAR é se mover na pele do outro na tentativa de criar laços, para
dilatá-lo na palavra-corpo: nós. Mas é sucinto desenhar nessa experiência, o
zelo de reconhecer que se faz próprio deixar que o outro possa existir para que
o amor faça sua existência nesse corpo que se reinventa no atrito do elo. É
desse deixar que o amor nasce, mas traz em si a frustração de nunca poder fazer
do outro uma morada, corpo único.
O amor é um cavalo indomável que precisa viver na pluralidade, para que
possa existir na singularidade do corpo. Saber sobre amor não garante que se
saiba amar, dizer o que possa vir a ser amor é a tentativa de tornar o mundo
menos caótico, porque até falar de amor sintetiza o outro em nós, fazendo circular
que o desejo de poder fazer do outro uma casa, embora seja um lar acolhedor,
nunca se realize [o desejo realizado dissolve o amor no limbo do infinito,
sufocando-o em si mesmo].
A análise promove justamente fazer-saber sobre nossa insignificância,
ignorância e impossibilidade de ser humano que tudo pode. O sujeito pode muitas
coisas, mas não tudo. Uma delas é nunca saber quem amar, como amar e quando
amar.
Trata-se de
resignificar o horror do outro oferecendo um espaço acolhedor dentro de nós,
possibilitando significado outro ao que nossos olhos repudiam no objeto que
endereçamos o nosso amor e ódio. A dinâmica do amor não é justa, ela
desconstrói e nos deixa vulneráveis, convocando a observar por fora o quanto
somos inquilinos de nós mesmos e do mundo do outro.
Abraço,
Maicon Vijarva
Abraço,
Maicon Vijarva