9.3.15

O Analisado: Uma Visão Bilateral do Analista-Analisado

Realmente parece simples ouvir ou falar, no teórico, porém na prática é totalmente diferente e difícil. Venho pensando muito sobre essa questão. Afinal, como falar se também desejamos ouvir nosso analista? Saber por menos que seja, algo dele, que seja repartido. Por que só eu devo falar? Talvez muitos vão dizer: a resposta é simples, você quem procura ajuda, e assim quem fala é você. Mas se não for o caso de querer ajuda, e sim de um estudante de psicologia que precisa apenas de supervisão, para manutenção de sua vida psíquica? São perguntas muitas vezes sem respostas, ao menos de imediato.

A realidade é que ficamos curiosos em saber como é a vida de quem nos ouve. Quando assumimos o papel de analisados, ficamos inseguros em falar sobre quem fomos/somos nós. Já que no cotidiano omitimos muito sobre tais características, ou até mesmo respondemos somente o que nos é perguntado. O que é normal, instinto de preservação.

Todavia, quando estamos em terapia, queremos falar ao mesmo tempo em que queremos ouvir. Penso que o ideal analisado é o paciente que vivencia seus sentimentos, seus impulsos e medos em terapia. Numa reflexão mais rasa, serão esses sentimentos que nos ajudará a evoluir nossos estados reprimidos, processando-os e dando corda a novas possibilidades. No entanto, quando aprendemos como usar as ferramentas em terapia, o papel de analisado se torna ainda mais difícil. O sentimento de insegurança se torna ainda mais latente.

Entretanto é importante relembrar que para que o processo terapêutico ocorra de forma harmônica, o analista precisa estar atento a todos os gestos verbais e não verbais. E quando houver necessidade de dar limites ao analisado, que seja com amor. Já dizia Renato Dias Martino, psicoterapeuta contemporâneo.

“Verdade sem amor, resulta em crueldade.”

E também diz “Mas o amor não é um sentimento, é uma capacidade.” Por isso é preciso ser capaz em dizer a verdade com amor, ensinando os limites que devem existir em terapia, para que o processo ocorra de forma sadia.

As experiências que o analisado viveu, será a base para a sua compreensão ao ouvir enquanto analista. Escutar é a ponte que nos leva a sentir, sendo assim, fica mais simples compreendermos a dor do outro quando já nos colocamos em tal posição de sofrimento. Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão menciona em seus ensinamentos uma frase muito própria para o momento: “Experiência sem teoria é cega, e teoria sem experiência é vazia”.


Para compreendermos a posição de analisa-analisado, é essencial que nasça o vínculo confiança. É necessário nutrir um vínculo real e verdadeiro entre analista e paciente, só através desta condição que iremos conseguir ver/ser uma base para a compreensão.

Sigmund Freud (1856-1939), pai da psicanálise, citou em uma de suas obras: 


“A finalidade de uma análise é recuperar a capacidade de amar”.



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