A diferença existe para implicar, para transformar o comum. É preciso que cada sujeito seja capaz de lidar com a frustração do desconhecido e se responsabilizar por seu medo e ira diante do que lhe causa, promovendo um elo com o diferente, para assim construir um mundo melhor, de uma equidade que expande e desenhe uma terra com mais amor e compaixão.
Não gostar de algo no outro pode ser até humano, mas ultrapassar o limite e desrespeitá-lo é uma incapacidade que precisa ser pensada. Se está sentindo incomodo por algo que existe no outro que não lhe agrada, vá em busca de um analista, questione-se e busque fazer-saber, para poder saber-fazer diante do que lhe causa e incomoda.
Lembre-se, se o seu mundo pode estar desmoronando, o do outro pode também estar na mesma ou em pior situação. Seja no mínimo amável. Cada um de nós leva no coração uma dor, um sintoma.
Então, não pise no vazio do outro, por mais que este lhe tenha feito algo ruim. Se não pode transformar o outro, afaste-se para não acabar agindo com selvageria. Um palavra salva na mesma intensidade que também mata!
Ouvi uma criança, com medo do escuro, dizer em voz alta: "Mas fala comigo, titia. Estou com medo!". "Por quê? De que adianta isso? Tu nem estás me vendo." A isto a criança responde: "Se alguém fala, fica mais claro". (Freud, 1976p [1916], p.474)
Há um ruído em nossa garganta, na língua, posto que dessa linguagem que tomamos as palavras para tecermos algo que emperra e impossibilita caminhar, em forma de discurso. É na análise que o sujeito pode transformar o seu impulso destrutivo em uma produção significativa na relação consigo e com o outro.
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